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Brasil

Após depoimento de Palocci, Moro vai interrogar Lula na quarta-feira (13)

O processo apura se a Odebrecht pagou propina ao ex-presidente por meio da compra de um apartamento e de um terreno

Da Redação do Diamante Online

12/09/2017 às 10:38 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

Depois do depoimento surpreendente do ex-ministro Antonio Palocci, que acusou o ex-presidente Lula de receber um pacote de propinas, o juiz Sérgio Moro vai interrogar Lula e outros dois réus na quarta-feira que vem. O processo apura se a Odebrecht pagou propina ao ex-presidente por meio da compra de um apartamento e de um terreno.

Desde que a denúncia do Ministério Público Federal foi aceita pelo juiz Sérgio Moro, em dezembro de 2016, já foram ouvidas 97 testemunhas de acusação e defesa e cinco dos oito réus. O depoimento do ex-ministro de Lula e Dilma, Antonio Palocci, foi o mais surpreendente até agora.

Palocci: O Emilio abordou no final de 2010, não foi para oferecer alguma coisa. Foi pra fazer um pacto que eu chamei de pacto de sangue, porque envolvia um presente pessoal que é o sitio, o prédio de um museu, pago pela empresa, e envolvia palestras pagas a R$ 200 mil, fora impostos combinadas com a Odebrecht para o próximo ano. Várias palestras. E envolvia uma reserva de R$ 300 milhões.

Palocci confirmou o que delatores da Odebrecht haviam dito em depoimentos: que o dinheiro saiu da conta corrente de propinas do PT com o grupo, e que tinha Lula como beneficiado.
Parte veio em forma de pagamentos de palestras como já havia relatado na delação premiada o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar.

Pergunta: Por que surgiu a atuação da Odebrecht nessas palestras do ex-presidente Lula?
Alexandrino Alencar: O objetivo nosso era termos um princípio inicial e com o andar das palestras tivemos um segundo objetivo. O primeiro foi conseguir um projeto que pudesse remunerar o presidente, o ex-presidente Lula face o que ele fez durante muitos anos para o grupo.

Palocci prestou depoimento como réu no processo especifico para investigar suposto o pagamento de quase R$ 13 milhões em propina da Odebrecht para Lula, por meio da compra de um terreno e de um apartamento.

Apesar de os procuradores terem dito que Palocci não apresentou provas, os advogados do ex-ministro afirmam que ele pode provar as novas acusações que fez durante o depoimento. Palocci confirmou que tem interesse em fechar um acordo de delação premiada.

Palocci: Eu não tenho um acordo de delação premiada.
Advogado: Você tem uma negociação em curso?
Palocci: Tenho tratativas.

Os últimos interrogatórios deste processo estão marcados para a quarta-feira (13), em Curitiba.
O mais importante deles, do ex-presidente Lula, principal alvo das acusações de Palocci.
Neste dia, haverá um esquema especial de segurança: o prédio da Justiça Federal do Paraná terá acesso restrito e as ruas próximas vão ser bloqueadas.

A defesa de Lula chegou a pedir a suspensão do interrogatório, alegando que precisava examinar novos documentos apresentados pelos procuradores e ter acesso à integra dos dados dos sistemas de informática usados pelo setor de propina da Odebrecht.

O juiz Sérgio Moro negou o pedido, e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, a segunda instância da Lava Jato, confirmou a decisão de Moro e manteve o interrogatório.

Além de Lula, outros dois réus também devem prestar depoimento: o ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, e o advogado e amigo do ex-presidente Roberto Teixeira.

O interrogatório de Roberto Teixeira deveria ter ocorrido essa semana, mas foi adiado porque Teixeira está internado em São Paulo.

Depois que todos forem interrogados, o processo entra na fase complementar para que o Ministério Público Federal e as defesas, caso julguem necessário, solicitem ou apresentem documentos adicionais ou peçam ao juiz que novas testemunhas sejam ouvidas.

Na sequência, vem a etapa das alegações finais, quando advogados e procuradores entregam por escrito, os últimos argumentos. Por fim, o juiz Sérgio Moro dará a sentença: condenação ou absolvição dos réus. Mas não há prazo para que ele decida. Lula já foi condenado pelo juiz Sérgio Moro no processo que investigou a compra e reforma do tríplex em Guarujá, pela OAS.

A defesa de Lula declarou que o depoimento de Palocci é mentiroso e foi fabricado para superar a ausência de provas contra o ex-presidente. Sobre as palestras, a defesa tem afirmado que todas foram realizadas e contabilizadas e que os rendimentos foram declarados à Receita Federal.

Assessoria

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