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Professor do Depto. de Economia explica em artigo como Brasil pode dar certo

"Costumamos dizer que as expectativas dos agentes econômicos desempenham um papel fundamental na determinação de recessões e expansões econômicas"

Da Redação do Diamante Online

15/12/2016 às 14:59 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

O professor titular do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Luiz Renato de Oliveira Lima, explica em artigo, como o Brasil pode dar certo. Ele escreve em nome do Departamento de Economia da UFPB toda semana e aborda as questões econômicas do país no Portal WSCOM.

Confira o texto:

O Brasil pode dar certo ?

Por Luiz Renta de Oliveira Lima

Nos últimos dois anos a economia do Brasil decresceu aproximadamente 8%, o nível de consumo das famílias recuou para o nível de 2012, o número de desempregados já chega a 13 milhões de trabalhadores, continuamos a ter um dos piores desempenhos no exame internacional do ensino médio, o tão chamado PISA, os níveis de violência continuam aumentando e há uma sensação generalizada de ineficiência dos serviços públicos prestados para a população. Diante deste quadro, cabe a seguinte pergunta: O Brasil pode dar certo?

Ora, para responder esta pergunta precisamos identificar os erros que nos levaram a esta situação. Pois bem, em economia costumamos dizer que as expectativas dos agentes econômicos desempenham um papel fundamental na determinação de recessões e expansões econômicas. De fato, o economista Robert Lucas, ganhador do prêmio Nobel de economia em 1995, mostrou em seus estudos que ciclos econômicos são majoritariamente explicados por mudanças de expectativas. De uma maneira bem simples, se os moradores do seu bairro estão endividados e você espera que esta dívida continuará aumentando no futuro, então você evitará abrir um empreendimento naquele lugar, sob a pena de ter prejuízos no futuro. Com o Brasil acontece exatamente a mesma coisa, ou seja, a perspectiva de aumento futuro da dívida pública afasta investidores e, com isso, o desemprego aumenta, o consumo cai e dessa forma a recessão se instala.

No caso brasileiro, observa-se que em 2012 o governo abandonou o tripé macroeconômico baseado no câmbio livre, metas de inflação e superávit primário. Esta simples mudança de política gerou uma piora das expectativas sobre a trajetória futura da dívida pública, que passou de 45% do PIB em 2010 para quase 70% em 2015. Isto explica o nosso estado de penúria atual. Ou seja, o abandono do tripé macroeconômico aumentou a dívida pública que, por sua vez, levou a um aumento a inflação e da taxa de juros. Inflação e juros maiores levaram a uma queda de consumo e investimento e, portanto, ao quadro recessivo que nos encontramos atualmente.

Fica claro, pelo menos para alguns, que a recuperação econômica depende da nossa capacidade de reverter a trajetória crescente da dívida pública. Neste sentido, a PEC 55 que limita os gastos públicos e a reforma da previdência desempenham um papel fundamental. Essas duas reformas reverterão a trajetória da dívida pública, tornando-a decrescente no tempo. Isso provocará uma imediata queda na taxa de juros e da inflação e, por conseguinte, o consumo e investimento aumentarão, levando a um novo ciclo de prosperidade e crescimento econômico. Note que, ao contrário do que muito se diz, a aprovação da PEC 55 e da reforma da previdência vai liberar uma grande quantidade de recursos para a educação e saúde. Ora, gastamos quase R$ 500 bilhões por ano com o pagamento dos juros da dívida e, portanto, a queda da taxa de juros proporcionada pela aprovação da PEC 55 e da reforma da previdência injetará, ao invés de subtrair, mais recursos na área social.

A primeira batalha já foi vencida com a aprovação da PEC 55 em segundo turno no senado federal. A reforma da previdência será votada em 2017. Por obra do acaso, o Brasil está prestes a se tornar o país com o melhor regime fiscal do mundo o que levará o nosso país a crescer fortemente nos próximos 20 anos. O Brasil pode dar certo? Sim, dará certo se fizermos o nosso dever de casa e estamos muito perto de conseguir isto em 2017.

WSCOM

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