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Geral

Crise hídrica preocupa abastecimento e irrigação, mas não compromete fornecimento de energia

Desassoreamento de canais e instalação de sistemas de captação sobre flutuantes foram algumas das medidas mencionadas pelo diretor da Companhia

Da Redação do Diamante Online

08/09/2017 às 10:13 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

Apesar da grave crise hídrica que atinge a região do Vale do São Francisco e o reservatório da barragem do Sobradinho, não haverá um comprometimento na distribuição de energia para o Nordeste, segundo especialistas que participaram de uma audiência pública realizada no Senado Federal para discutir o assunto. De acordo com o diretor de Operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), João Henrique de Araujo Franklin Neto, o setor elétrico tem fontes alternativas que garantem uma segurança energética para a região, entre elas as eólicas e térmicas.

João Henrique foi um dos técnicos que falaram à Comissão Mista de Mudanças Climáticas, cujo presidente, senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB-PE). Segundo ele, a vazão mínima em Sobradinho baixou de 1.300 m³ por segundo em 2013 para 550 metros³ em setembro de 2017, mesmo assim, a preocupação da Chesf é com a garantia do abastecimento humano e projetos irrigação e não com questão energética.

Atualmente, mais de 700 mil pessoas do semiárido brasileiro já recebem a água do Velho Chico pelos canais do Projeto de Integração do Rio São Francisco, incluindo as regiões de Monteiro e Campina Grande, na Paraíba. Com o Eixo Leste concluído, o Governo Federal corre para finalizar os trabalhos do Eixo Norte e atender ainda mais cidades.

Segundo o diretor da Chesf, atualmente, apenas 15% da demanda energética do Nordeste são atendidos, em termos de consumo energético, pelo São Francisco. Em contrapartida, segundo o diretor da Chesf, no último final de semana, houve uma geração de 6.800 megawatts pela fonte eólica, representando 65% do atendimento ao consumo do Nordeste. “Nessa hora, chegamos a exportar energia para outras regiões do país. Apesar da crise hídrica do São Francisco, o Nordeste é autossuficiente para gerar o atendimento necessário a seus consumidores e ainda exportando energia para outras regiões do país”, disse.

Apesar de afirmarem que a situação está controlável nos próximos meses, os debatedores manifestaram preocupação com a continuidade da crise hídrica na região e com futuras crises que o país possa enfrentar. De acordo com o diretor presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, medidas estruturantes precisam ser colocadas em prática no São Francisco para que, numa outra crise futura, a região tenha melhor condição de segurança hídrica. Para Vicente, é preciso que todos os atores se envolvam e se comprometam no sentido de compartilhar o processo de decisão das medidas que serão tomadas.

“Estamos falando de uma bacia de 630 mil Km². O gerenciamento de uma crise precisa buscar repartir os riscos em toda a bacia”, ponderou. Vicente também ressaltou como medida estruturante fundamental a mudança da prioridade da bacia do São Francisco da geração de hidroeletricidade para segurança hídrica. “Significa que, evidentemente, a geração hidrelétrica deve ser mantida como prioridade, mas não mais como uma prioridade que determine a condição de operação dos reservatórios. Eles têm que ser operados para manter a segurança hídrica”, destacou.

Representantes da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) ressaltaram o trabalho que tem sido feito pela companhia para atender a demanda para o abastecimento humano e para projetos de irrigação. Desassoreamento de canais e instalação de sistemas de captação sobre flutuantes foram algumas das medidas mencionadas pelo diretor da Companhia, Luis Napoleão Casado. No entanto, Luis ressaltou o limite orçamentário da Codevasf e pediu apoio na arrecadação de recursos e na realização dessas obras.

Assessoria

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