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Meteorologistas projetam que La Niña pouco deve interferir na quadra chuvosa de 2018
No Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas (ANA), o Ceará voltou a ter, em setembro, todas as regiões com algum nível de criticidade da estiagem
Da Redação do Diamante Online
03/11/2017 às 10:38 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21
Meteorologistas consideram que, ainda na pré-estação chuvosa, entre dezembro e janeiro, deve se formar uma La Niña fraca, insuficiente para interferir na estação que só começa em fevereiro de 2018. A previsão não tem relação direta com a quadra chuvosa, já que o comportamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCI), sistema meteorológico responsável pela regularidade das precipitações no semiárido, só pode ser definido no próximo mês. Mas sugere cenário melhor do que o vivido pelo nos últimos anos de estiagem prolongada.
A La Niña, ainda que atuando somente no primeiro trimestre do próximo ano, deixaria o Ceará em situação melhor que a do ano passado (quando as condições oceânicas eram neutras) e melhor ainda que a de 2015 (quando o fenômeno que influenciava diretamente a queda d’água era o El Niño, responsável por prejudicar a formação de nuvens e, consequentemente, de chuvas).
“La Niña, quando ocorre com intensidade moderada, é favorável para precipitação”, resume o meteorologista do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/Inpe), Diogo Arsego. Mas, segundo ele, o fenômeno que tem 70% de chance de se formar entre janeiro e março de 2018 deve ser fraco e rápido. “Para a próxima estação chuvosa, por enquanto, o indicativo não é dos melhores. E com El Niño seria ainda pior”, argumenta. Contudo, adiantou que “El Niño para o começo do ano, por enquanto, está descartado”.
Para Raul Fritz, meteorologista da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a La Niña seria importante para melhorar a situação de seca se acontecesse entre março e abril, “os meses mais importantes da quadra (chuvosa)”. Por outro lado, a tendência é que, logo após a dispersão do fenômeno, os oceanos voltem à condição de neutralidade. E aí, não se sabe ao certo o que esperar. “O Oceano Atlântico é que é importante. A definição dele é que vai indicar se teremos boas chuvas ou não”, conclui o meteorologista.
Atualmente, conforme os meteorologistas Arsego e Fritz, o hemisfério norte do Oceano Atlântico Tropical está mais aquecido do que o sul, o que aproxima a ZCI do norte e prejudica as precipitações no Ceará. Fritz esclarece, contudo, que o comportamento é “normal para este período”. O esperado é que o sul esquente em dezembro.
No Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas (ANA), o Ceará voltou a ter, em setembro, todas as regiões com algum nível de criticidade da estiagem. No último maio, fim da quadra chuvosa, o norte do Estado se mostrava sem seca relativa.
Para entender
El Niño
Caracteriza-se pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial e pelo enfraquecimento dos ventos, o que prejudica a formação de nuvens e, consequentemente, de chuvas.
La Niña
Oposto ao El Niño, o fenômeno representa o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial, o que cria condições favoráveis para a intensificação dos ventos.
O Povo
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