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Paraíba

Quase 600 mil consomem água de qualidade duvidosa na Paraíba

Veja a lista de cidades sem dados de vigilância da água na Paraíba

Da Redação do Diamante Online

22/01/2016 às 20:37 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

Você sabe qual a qualidade da água que está consumindo? Para mais de 580 mil paraibanos a resposta é não. Isso é o que aponta um relatório do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), do Ministério da Saúde. De acordo com o relatório, 71 municípios da Paraíba não realizaram a coleta de amostras para análise físico-química do líquido, ou não repassaram as informações, e não podem garantir que a água consumida pela população, seja ela advinda das torneiras, cisternas, poços, carros-pipas, ou qualquer outra fonte, esteja dentro dos padrões de potabilidade preconizados.

“É uma água insegura”, pontuou o especialista em engenharia sanitária e ambiental Lucas Alves, ao se referir à água consumida pela população desses locais. “A vigilância através das análises periódicas é extremamente necessária para medir os riscos e possíveis contaminações. A Escherichia Coli, por exemplo, que é uma das bactérias que podem infectar a água, pode causar gastroenterite, infecção urinária, apendicite, meningite, dentre outras doenças. Por isso é necessário que esse controle seja feito, medindo, inclusive, o teor de cloro residual livre na água, para garantir que haja o mínimo necessário para eliminar qualquer tipo de microorganismo nocivo”, explicou.

A vigilância da água é dever do município e deve ser realizada mensalmente, através da coleta de amostras, que são enviadas ao Laboratório Central do Estado (Lacen) e a outros sete laboratórios referenciados na Paraíba. Através dessas amostras, que são coletadas em todas as fontes de água, como carros-pipa, cisternas, poços, mananciais, caixas dágua, dentre outras, é possível avaliar o índice ou presença de microorganismos que possam causar doenças.

Camalaú, no Cariri do Estado, é um dos municípios em que a análise da água não é realizada. Conforme o secretário municipal de Saúde, Wilson Ricardo Azevedo, o problema aconteceu porque estava faltando algum tipo de reagente necessário para a coleta das amostras. Mesmo não sabendo precisar desde quando as coletas deixaram de ser feitas, o secretário afirmou que na próxima semana a situação será regularizada.

Em Areial, que também não realiza a fiscalização, o secretário de saúde da cidade, José Pedro, admitiu que a vigilância da água distribuída no município está deficitária, mas garantiu que o órgão está se organizando para regularizar a situação. “Estamos com um atraso, mas sabemos da importância dessas análises e estamos nos organizando para atender à exigência”, disse.

Outra cidade que não realiza a análise é Lagoa Seca, no Agreste. Lá, a secretária de saúde Débora Charmene Costa afirmou que havia um problema em relação às análises no primeiro semestre do ano passado, mas que já foi regularizado, e que as coletas são feitas regulamente. “Vou averiguar o repasse dessas informações”, disse.

Já em Gado Bravo, no Agreste, o secretário municipal de saúde, José Diógenes Sousa, negou que o município não esteja realizando as análises. Segundo ele, mensalmente são realizadas coletas em diversas fontes, a exemplo dos carros-pipa e das cisternas localizadas em algumas áreas da cidade.

Cidades podem perder recursos

As cidades que não estiverem realizando a vigilância da qualidade da água, além de estarem pondo em risco a saúde da população, estão sujeitas à suspensão de repasse de recursos do Ministério da Saúde e órgãos ligados. A afirmação é do chefe do Núcleo de Fatores Não-biológicos da Secretaria de Saúde do Estado (SES), Emanuel Lira.

“Esses municípios podem ser penalizados e muitos já estão sendo, porque não estão atendendo essa exigência. Mesmo assim percebemos que a quantidade de cidades preocupadas em realizar as análises têm crescido consideravelmente, e o ideal é que todas elas façam”, destacou o chefe.
Emanuel Lira destacou ainda que a equipe do Núcleo de fatores não biológicos da SES faz a supervisão periódica em todos esses municípios para incentivar a coleta de água para análise.

“Temos acompanhado e feito a inspeção sanitária. Os gestores de saúde devem se conscientizar e saber que essa é uma prioridade. Com esse monitoramento, muitas doenças que afetam a população podem ser evitadas”, concluiu.

O QUE DIZ A FAMUP

Para o presidente da Federação das Associações dos Municípios da Paraíba (Famup), Tota Guedes, o que dificulta a coleta das amostras de água, principalmente em relação aos pequenos municípios, é a deficiência de corpo técnico.

“Às vezes as dificuldades são de ordem técnica, mas os gestores sabem da sua responsabilidade em relação a esse problema, que é uma preocupação quanto à saúde pública. É necessária uma cooperação entre os diversos órgãos para que esse trabalho seja realizado, principalmente nos municípios em colapso no abastecimento, que só recebem água através de carros-pipa, cisternas e poços”, frisou.

Cidades sem dados de vigilância da água na Paraíba:

Amparo
Aparecida
Areia de Baraúnas
Areial
Aroeiras
Barra de São Miguel
Boa Vista
Bonito de Santa Fé
Cabaceiras
Cacimba de Areia
Caldas Brandão
Camalau
Capim
Caraúbas
Condado
Congo
Cuité de Mamanguape
Curral de Cima
Fagundes
Gado Bravo
Gurinhém
Ingá
Itabaiana
Itatuba
Joca Claudino
Juarez Távora
Junco do Seridó
Juru
Lagoa
Lagoa Seca
Lastro
Livramento
Mae dÁgua
Manaira
Massaranduba
Matinhas
Monte Horebe
Nazarezinho
Nova Floresta
Olivedos
Ouro Velho
Parari
Paulista
Pedras de Fogo
Poço Dantas
Poço de José de Moura
Prata
Riachão do Bacamarte
Salgadinho
Salgado de São Félix
Santa Helena
São Bentinho
São Domingos do Cariri
São Francisco
São João do Rio do Peixe
São José de Espinharas
São José de Piranhas
São José do Bonfim
São José do Sabugi
São José dos Ramos
São Miguel de Taipu
São Sebastião de Lagoa de Roça
São Vicente do Seridó
Serra Redonda
Sertãozinho
Tavares
Triunfo
Uiraúna
Umbuzeiro
Vieirópolis
Zabelê

Jornal da Paraíba

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