Professor diamantense escreve coluna no DiamanteOnline: Influência da Política local no Ensino

Estamos às vésperas de uma eleição municipal e muito pouco ouvi falar sobre educação.

Este é o meu primeiro texto publicado no Diamante Online, e de início quero agradecer publicamente ao idealizador do blog, Arliston Jerônimo. Espero estar à altura desta tarefa.

Dito isto, não quero colocar-me como portador da verdade absoluta, pois acredito que nesta direção ninguém o seja. Apresento-me apenas como um incitador às reflexões. O site possui a seção de comentários e todos são bem-vindos a comentar e refletir juntos os temas propostos.

Neste sentido, faço a seguinte pergunta:

Até quando nossos gestores locais, prefeitos e governadores, terão influência direta sobre decisões no ensino que deveriam ser dos alunos, pais e professores?

Explico-me.

Diamante, possui um recurso valioso, mas limitado: os talentos naturais. Professores que a muito custo, esforço pessoal, nenhuma ajuda do estado ou município, tornaram-se destaques naquilo que escolheram por profissão: ensinar.

Citarei alguns nomes, mas sem a intenção de desdenhar outros que não forem citados. Menciono aqui, apenas o que são do meu círculo pessoal e que vêm à cabeça no momento. Com certeza existem muito mais.

Há pouco tempo, a professora Vilânia, sem ter nem porquê, de uma hora para outra foi “convidada” a não mais vir à escola para a qual dedicou mais de 14 anos de sua vida.

Exemplar em tudo que fez em seu tempo como professora, prêmios e mais prêmios, destaques e por aí vai.Nada disso foi o suficiente para que um pouco de respeito e o que seria melhor, seu cargo fosse mantido. Falo isso, não por ela ou pelo salário que ela e sua família deixaram de ter.

Se alguém tinha a intenção de prejudicá-la (e isto seria apenas por questões políticas; quem a conhece sabe o caráter e a boa índole que tem), não obteve sucesso, uma vez que a mesma passa muito bem. Hoje dá aulas particulares e financeiramente está bem melhor.

Questiono: e os seus alunos? O que foi feito deles? Não conheço quem assumiu o lugar dela e por isso peço que não me queira mal, mas seria justa essa forma de agir?

Professora Silvana Inácio. E aqui destaco seu sobrenome “Inácio”. Único motivo para que seu trabalho como diretora escolar fosse bruscamente interrompido. Sem motivos. Sem explicações a dar.

Seus alunos? O trabalho que vinha desempenhando? Alguém deu continuidade? Tiveram a mesma seriedade que ela?

Justo?
Correto?
Ético?

Algo bem parecido também ocorreu com o professor Reginaldo Basílio. Sempre teve sua postura política bem clara e por isso teve que abortar o seu belíssimo trabalho como diretor da escola em que trabalhava.

Isso mesmo, meus amigos. Cargo de diretor escolar em nossa cidade é cargo de “confiança” e é distribuído conforme proximidade com o poder local e do momento. Se você for do time, está dentro. Se não, está fora.

O meu convite à reflexão é: professor e diretor escolar não deveriam ser escolhidos pela competência que possuem? Independente de qual partido façam parte?

Um último caso, mas que merece a mesma atenção, seria o do professor João Neto. Profundo conhecedor de História. Uma pessoa com quem dá prazer conversar sobre História. Acredito que muitos jovens passariam a ter prazer com esta matéria após algumas conversas com ele. Melhor seria, algumas aulas.
Hoje, por ter sido oposição às últimas gestões municipais, dá aulas a crianças do ensino básico, numa comunidade rural que fica a horas de distância da zona urbana. Aulas que nem de longe passam pelo assunto no qual é formado: História. Um verdadeiro desperdício apesar de que, conhecendo-o como o conheço deve estar fazendo um ótimo trabalho, mesmo que em área completamente distinta da sua.

Finalizando, deixo minha reflexão. Reflexão pela qual fui chamado de ingênuo certa vez, mas com a qual mantenho ainda profunda convicção:

A educação de nossa cidade precisa que nossos gestores, prefeitos e governadores, sejam superiores em sua conduta. Ofensas e insultos sofridos durante a campanha eleitoral deveriam ser esquecidos, por pior que sejam. Caso sejam imperdoáveis, que as carregue em seu foro pessoal e não como gestor. Não use a máquina pública para vinganças pessoais. Não é para isto que será eleito.

Quando iniciar seu mandato, seja administrador para todos e não apenas para aqueles que o elegeram.

No tocante a educação, qualquer vingança feita por meio desta área, lembre-se queestará atingindo não apenas seus desafetos. Todos aqueles que dependiam de seu desafeto, incluindo nesta lista aqueles que o elegeram, também serão atingidos.
Permita que pais, alunos, funcionários e professores tomem suas próprias decisões quanto ao que melhor lhe convém.

Veja a coluna em Imagem: