Secretário teria batido nas portas das casas de Igaracy para sacrificar cachorros que tinham dono

O secretário de Saúde de Igaracy, José Carlos Maia, teria batido nas portas de vários moradores recolhendo cachorros com a desculpa de que estaria levando-os para vacinar quando, na verdade, os estava levando para a chacina que aconteceu na cidade na última quarta-feira (7). Os animais foram encontrados enterrados no lixão da cidade, o que, segundo o presidente da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil, Francisco Jose? Garcia Figueiredo, corrobora que toda a ação foi realizada com requintes de crueldade.

O que nós vimos em Igaracy não foi eutanásia, foi uma matança, uma carnificina. O secretário deve ser responsabilizado. Ele violou as leis sanitárias e ambientais que tratam do abate humanitário dos animais, apontou o advogado, que destacou que a pena do secretário não será pequena.

A pena para esse caso é de três meses a um ano, mas como resultou na morte de animais, essa pena é aumentada. O que vamos lutar é pela cumulação da pena, pois foram vários animais mortos e queremos que ele responda por cada um deles com uma pena específica, prolongando o tempo dele na cadeia, disse.

A comissão deverá ir nos próximos dias a Igaracy para participar de uma audiência pública na Câmara Municipal da cidade para discutir a morte dos animais. Um inquérito policial e um cível foram abertos pela OAB, além de um processo junto ao Conselho Regional de Medicina Veterinária. O secretário é médico veterinário. Ele tem formação para saber exatamente o que acontece com os animais quando são envenenados ou mortos a pauladas, que é o que tudo indica que aconteceu em Igaracy. Ele sabe o que estava fazendo, sabe o grau de dor e sofrimento infligidos a estes animais, sabe de tudo o que acontecia naquele momento com eles. Então ele tem um grau de responsabilidade muito maior. Sem contar que ele é o responsável pela saúde do município, declarou.

Os animais que foram encontrados no lixão já estão passando por perícia e os resultados devem apontar como os crimes aconteceram. O secretário de saúde afirma que os animais sacrificados estavam doentes, mas não tem nenhum registro efetivado que comprove isso.

Como eles podem dizer que mataram os animais porque estavam doentes se não tem laudo pericial, não tem atendimento médico registrado? Como estavam doentes e são enterrados, não em um aterro sanitário próprio para enterrar os animais, e sim em um lixão, contaminando tudo com a suposta doença que eles teriam?, questionou o advogado.

Prefeito - O prefeito da cidade, José Carneiro Almeida da Silva, também poderá ser incriminado pela chacina no caso de ser comprovada a participação dele na morte dos animais.

Se as investigações apontarem que ele sabia da mortandade dos animais e que, de alguma forma, estava envolvido, nem que fosse por omissão, ele deverá ser responsabilizado. Se ele sabia do que o secretário ia fazer, ele precisava impedir, dar uma ordem em contrário para que fosse evitado. Mas isso não aconteceu. Temos que saber, e vamos descobrir isso por meio das investigações, se ele tinha conhecimento da matança, explicou.

E a responsabilização, tanto do prefeito quanto do secretário não contará apenas com crime de improbidade, mas também por crime ambiental, na esfera cível e criminal.