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Brasil

Temer divulga áudio em que fala como se impeachment estivesse aprovado

A fala é uma espécie de carta de apresentação do que seria uma gestão capitaneada por ele.

Da Redação do Diamante Online

11/04/2016 às 20:39 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

O vice-presidente da República, Michel Temer, enviou um discurso de 15 minutos a parlamentares de seu partido, o PMDB, em que fala como se o impeachment tivesse sido aprovado pela Câmara dos Deputados. A votação só está prevista para ocorrer neste domingo (17). A fala é uma espécie de carta de apresentação do que seria uma gestão capitaneada por ele.

No áudio, ao qual a Folha teve acesso, Temer diz estar fazendo seu primeiro "pronunciamento à nação". Ele diz que decidiu falar "agora, quando a Câmara dos Deputados decide por uma votação significativa declarar a autorização para a instauração de processo de impedimento contra a senhora presidente". O vice ainda afirma que estava recolhido "há mais de um mês para não aparentar que eu estaria cometendo algum ato, praticando algum gesto com vistas a ocupar o lugar da senhora presidente".

Temer diz, no entanto, que "muitos me procuraram para que eu desse pelo menos uma palavra preliminar à nação brasileira, o que faço com muita modéstia, cautela, moderação mas também em face da minha condição de vice-presidente e também como substituto constitucional da senhora presidente da República".

Confira aqui a íntegra do áudio:

A assessoria de Temer confirmou a veracidade do áudio e disse que o vice o enviou "por acidente" aos aliados. "Trata-se de um exercício que o vice estava fazendo em seu celular e que foi enviado acidentalmente para a bancada".

No áudio, o vice diz que é preciso ter em mente que ainda haverá "um longo processo pela frente", se referindo à etapa do processamento do impeachment que ocorrerá no Senado. O vice ainda declara sua confiança nos senadores e diz que "aguardarei respeitosamente a decisão do Senado Federal". "Portanto, também as minhas palavras são provisórias. Nós temos que aguardar e respeitar a decisão soberana do Senado sobre esse tema", pondera o vice no áudio.

Temer afirma que poderia falar apenas após o fim do processo no Senado, mas que "evidentemente, sabem todos os que me ouvem que, após a decisão do Senado Federal, eu preciso estar preparado para enfrentar os graves problemas que hoje afligem o nosso país".

Como a fala foi gravada para um cenário em que o impeachment de Dilma teria sido aprovado pela Câmara, e Temer faz uma espécie de "discurso da vitória" e esboça o que seria um governo sob sua tutela. Ele defende amplo papel da iniciativa privada na recuperação do país, mas se compromete a manter e,"se possível", ampliar os programas sociais que já existem, como o Bolsa Família e o Pronatec.

POLÍTICA RASTEIRA

Temer afirma que o discurso de que se outros personagens que não os petistas assumirem o governo acabarão com programas sociais é "mentira" e sintoma da "política rasteira" que, segundo ele, tomou o país nos últimos tempos.

"Sei que dizem de vez em quando que se outrem assumirem, nós vamos acabar com o Bolsa Família, com o Pronatec... Isso é falso, é mentiroso e é fruto dessa política mais rasteira que tomou conta do país", afirma.

Temer afirma que serão necessárias várias reformas para recuperar o setor produtivo e diz não querer gerar expectativa falsa. "Tudo isso significará sacrifícios iniciais para o povo brasileiro". Em seguida, ele completa: "não pensemos que em três ou quatro meses estará tudo resolvido".

Temer diz ainda que a prioridade deve ser a "pacificação da nação". "A grande missão é a da pacificação do país, da reunificação do país. (...) Aconteça que acontecer no futuro, é preciso um governo de salvação nacional, de unificação nacional. Que todos os partidos estejam dispostos a dar a sua contribuição para tirar o país da crise. Para tanto é preciso diálogo. O fundamental agora é o diálogo. Em segundo, compreensão. E, em terceiro lugar, para não enganar ninguém, a ideia de que nós vamos ter muitos sacrifícios pela frente para retomar o crescimento".

COMISSÃO

Nesta segunda-feira (11), a comissão da Câmara dos Deputados que avalia a instauração do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff se reúne mais uma vez.

A expectativa é que hoje seja votado o parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), favorável ao impeachment da presidente.

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, responsável pela defesa da presidente Dilma Rousseff disse, horas antes da votação do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que o parecer apresentado pelo parlamentar é a "peça de absolvição histórica da presidente".

Mais cedo, na mesma sessão, durante discurso em que rebateu as críticas ao seu relatório, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) ressaltou o caráter político do processo de impeachment e disse não haver mais clima para a continuidade de Dilma Rousseff no poder.

Segundo o deputado do PTB, a presidente comanda um governo "autoritário", "arrogante" e "falido".

Jovair reafirmou ver "sérios indícios de cometimento de crime pela presidente da República" e "graves e sistemáticos atentados" cometidos por ela contra a Constituição na liberação de créditos suplementares sem autorização do Congresso e nas chamadas "pedaladas fiscais", que são empréstimos feitos por bancos federais para cobrir despesas do Tesouro Nacional.

Ao iniciar a sessão da comissão do impeachment da Câmara, na qual será votado o parecer do relator -favorável ao afastamento de Dilma Rousseff-, o presidente da comissão, deputado Rogério Rosso (PSD-DF) disse que "qualquer previsão de resultado é futurologia".

Folha

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