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Brasil

MP atuará no caso João de Deus durante recesso

A promotora contou ainda que as mulheres que vão ao MP-GO denunciar os abusos são ouvidas na presença de uma psicóloga

Da Redação do Diamante Online

25/12/2018 às 14:16 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

A força-tarefa do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) que apura denúncias contra João de Deus segue trabalhando mesmo durante o recesso de Natal para atender às mulheres que relatam terem sido abusadas por ele ao procurá-lo para tratamento espiritual. Segundo a promotora Gabriella Clementino, o órgão se preocupa em acolher essas vítimas e tem até o próximo domingo (30) para protocolar a primeira denúncia contra o investigado, que está peso. O médium nega todas as acusações.

“As vítimas nos procuram angustiadas para falar o quanto antes. Não querem mais conviver com algo velado pelo medo. A gente se sente na obrigação de acolhê-las”, disse a promotora.
Ainda conforme Clementino, o momento é considerado propício para colher esses depoimentos.

“A nossa preocupação, o que nos move a trabalhar nesse período, é acolher as vítimas nesse momento que em que estão se sentindo encorajadas a falar sobre o que aconteceu. Todo esse momento das vítimas falando, de divulgação, as incentiva a vir relatar”, completou.

A promotora contou ainda que as mulheres que vão ao MP-GO denunciar os abusos são ouvidas na presença de uma psicóloga. Ela disse que, após os depoimentos, elas são encaminhadas para atendimento psicológico no SUS para iniciarem, se desejarem, tratamento terapêutico.

Conforme as denúncias, os abusos ocorriam dentro da Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia, Goiás. O espaço existe há 45 anos e é onde o médium fazia os atendimentos espirituais.

Clementino contou que muitas mulheres que procuram o MP contaram que foram abusadas quando estavam em uma situação de vulnerabilidade.

“É assustador, mas essa questão de buscar vítimas vulneráveis seria no sentido de procurar pessoas que não iriam reagir nem no momento em que a violência acontecia nem depois. Muitas eram pessoas que teriam algum descrédito social, por terem alguma dificuldade mental ou alguma doença”, afirmou.

O promotor Luciano Miranda, que também faz parte da força-tarefa do MP-GO, avaliou as semelhanças nos depoimentos registrados e comentou que as vítimas se sentiam impotentes para falar sobre os casos.

“O investigado usava da fragilidade das vítimas. Ele usava disso somado à irreverência da pessoa dele e isso nulificava a possibilidade de resistência”, afirmou.

Titular da Delegacia Especializada no Atendimento a Mulheres (Deam) da Região Central de Goiânia, a delegada Ana Elisa Martins disse que não há um perfil padrão de vítimas, mas todas eram mulheres em situação de vulnerabilidade.

“Ele tinha à disposição uma enormidade de pessoas em busca de socorro, que buscavam ajuda e entendiam que naquela pessoa [João de Deus] estava alguém que fosse salvá-las. Por oportunismo, ele cometeu as práticas de abuso sexual”, disse Ana Elisa.

O também membro da força-tarefa do MP-GO, Thiago Galindo, disse que os relatos das mulheres que se sentiram abusadas por João de Deus ajudam a formar um perfil do investigado.

“Ele não tinha parcimônia para atacar vítimas com doenças sérias, alimentando ainda mais o desespero delas”, completou.

Portal G1

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