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"É difícil ter dia para ser feliz", diz Bolsonaro sobre vida na Presidência

A equipe do presidente pediu aos jornalistas para não fazerem perguntas incômodas no encontro, o que não foi cumprido.

Da Redação do Diamante Online

22/12/2019 às 11:18 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

A entrevista dada por Jair Bolsonaro na manhã deste sábado (21) teve origem em um convite feito por ele na véspera, a jornalistas, para degustar mangas no Palácio do Alvorada.

"Vocês vão chupar essa manga?", perguntou na ocasião, um dia depois de ter feito manifestações ofensivas contra repórteres que fizeram questionamentos sobre a operação policial contra seu filho Flávio.

A equipe do presidente pediu aos jornalistas para não fazerem perguntas incômodas no encontro, o que não foi cumprido.

Na manhã deste sábado, na chegada ao Palácio da Alvorada, um eleitor do presidente voltou a pedir que a imprensa não abordasse temas delicados e, na sequência, emendou uma ameaça. "Vocês têm de parar de fazer jornalismo canalha. Espero que tenha manga com veneno."

O encontro com Bolsonaro, que vestia uma camisa do Flamengo no dia em que o time disputou a final do Mundial de Clubes, foi realizado na área externa do palácio, próximo à piscina.

O presidente contou que costuma nadar duas vezes por semana e disse que mantém o aquecedor desligado para não gastar energia.

Com um aspecto tranquilo, Bolsonaro não se negou a responder perguntas, tratou sobre diferentes temas e contou bastidores do seu primeiro ano à frente do Palácio do Planalto. Disse, por exemplo, que tem tido dificuldades em se adaptar à vida de presidente.

"É difícil ter dia para ser feliz, cara, problemas. A vida é sacrificante. Eu estou até feliz de estar com vocês aqui, porque, geralmente, é uma monotonia. É uma monotonia no final de semana. Se vocês não estivessem aqui, eu ia nadar 200 ou 300 metros e ia ao escritório bolar coisas", afirmou.

Bolsonaro disse que sente falta de comer pastel e tomar caldo de cana sem o rígido protocolo de segurança. Ao sair do Alvorada, ele é sempre acompanhado por quatro carros de seguranças e uma ambulância em caso de emergência.

"É chato, né, mas eu sei que abuso", disse, referindo-se às vezes em que andou de motocicleta e de jet ski. "Eu não faço por populismo. Eu faço porque eu gosto. É uma maneira de fazer algo diferente.

Ele disse ainda que admira o estilo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que, nos três encontros que tiveram, foi tratado muito bem pelo americano. Ele reconhece, no entanto, ter um "linguajar diferente" ao de outras autoridades.

"A maneira como ele me trata é excepcional, apesar de eu ser uma pessoa tosca na política. Eu sempre fui do baixo clero."

O presidente contou que quase não fala sobre política quando está junto da família e que considera positivo que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, quase não toque no tema, já que o assunto ocupa a maior parte do seu tempo. Segundo ele, ela se incomoda quando Bolsonaro promove reuniões aos finais de semana.

"Ela cansou e não fala mais. [Ela puxa a orelha] sobre o ritmo de trabalho, quando trago gente para conversar aqui no sábado e no domingo", afirmou.

No tempo livre, ele ressaltou que costuma jogar cartas com a sua única filha, Laura, de 9 anos. E comentou que, recentemente, ela pediu um novo irmão. Ao todo, Bolsonaro tem cinco filhos.

Bolsonaro afirmou ainda não ter tempo de ler livros ou assistir a séries televisivas, mas que acompanha partidas de futebol e programas de notícias.

Ele citou, por exemplo, entrevista recente do ministro da Economia, Paulo Guedes, para a GloboNews. O canal integra o Grupo Globo, que costuma ser criticado por ele. Neste final de ano, o presidente disse que passará o Natal com familiares em Brasília e que pretende apostar R$ 300 na Mega-Sena da Virada. "Só espero que eu não ganhe, senão o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, terá problemas."

Ao todo, o encontro com a imprensa durou pouco mais de duas horas. No final, já dentro do Alvorada, Bolsonaro foi questionado se, assim como relatou seu antecessor Michel Temer, já ouviu barulhos de fantasmas nas dependências da residência.

"Não tem ninguém arrastando corrente por aqui. Com a minha arma 1.40 do lado da cama, não tem fantasma."
Apesar de terem servido de pretexto ao encontro, as mangas não foram servidas na entrevista. Apenas água e café.

FolhaPress

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