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Brasil

Sobe para 26 o número de mortos na operação na Vila Cruzeiro

A ação é considerada a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro.

Da Redação do Diamante Online

26/05/2022 às 19:21 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

Subiu para 26 o número de mortos na operação na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na Zona Norte do Rio, na madrugada da última 3ª feira (26.mai). Uma das pessoas internadas faleceu, mas ainda não há informações onde ela estava internada. O corpo será levado para o IML. Outras pessoas seguem internadas. Três seguem internadas no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Uma das vítimas foi a moradora Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, que foi atingida na favela da Chatuba, vizinha à Vila Cruzeiro. O enterro dela aconteceu na quarta-feira.

No IML, a família de quatro pessoas afirmam que as vítimas são inocentes. Uma delas é a de Emerson da Silva, mais conhecido, como "Juninho". O pai afirma que ele não tinha envolvimento com o tráfico. O corpo de Emerson será enterrado nesta quinta-feira, no Cemitério de Éden, na Baixada Fluminense, onde mora a família. Outro que parentes afirmam que é inocente é Ricardo José Cruz, de 27 anos. Ele foi encontrado na quarta-feira, no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. A esposa dele falou com a equipe do Voz das Comunidades e disse que identificou o marido por imagens divulgadas na imprensa. Ele seria um dos feridos que foram levados à unidade hospitalar nas caçambas das viaturas.

Ele era mototaxista e foi baleado quando levava uma passageira. O enterro dele será na tarde desta quinta-feira, no Cemitério de Irajá. Outra vítima é João Carlos Ferreira, de 16 anos. A família diz que ele não tinha envolvimento com o tráfico. O enterro dele será no Cemitério do Caju. Outra vítima, é um ex-militar da Marinha, que pertenceu ao quadro temporário da instituição. Douglas Costa Inácio Donato, 23 anos trabalhava atualmente em uma loja de calçados, no bairro da Penha. Também ontem, o procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Rodrigo Mondego, afirmou que existe suspeita de tortura e execução durante a ação. Segundo ele, estão aguardando o desenrolar da perícia do IML para ver em que condições essas pessoas foram mortas.

"Existe indícios de execuções, em algumas regiões. Indícios de que pelo menos uma pessoa foi torturada antes de ser morta e outros mortos a facadas. Então, a gente está aguardando o desenrolar da perícia do IML para ver em que condições essas pessoas foram mortas", afirmou Mondego.

Na manhã de quarta-feira, representantes da OAB-RJ e Defensoria Pública do Rio estiveram na Serra da Misericórdia, onde ocorreram a maior parte dos confrontos. De acordo com o ouvidor Guilherme Pimentel, a operação foi uma verdadeira "caçada humana".

"É mais uma dessas operações de caçada humana, que não resolvem nada do ponto de vista da segurança pública e que na verdade traz mais problemas, uma vez que as famílias das vítimas ficam nesse fogo cruzado e se sentindo inseguras dentro das suas próprias casas, sem poder trabalhar, sem poder estudar, sem acessar a saúde. Esse tipo de operação, que não seria naturalizada nos bairros nobres da cidades, jamais poderia ser naturalizado dentro das favelas. O nosso foco agora é o acolhimento das famílias das vítimas e a garantia do acesso jurídico." ? completou o ouvidor.

Segundo o comando da Polícia Militar, a operação estava sendo planejada havia meses, mas foi deflagrada de modo emergencial para impedir uma suposta migração para a Rocinha. Na quarta-feira, o Portal dos Procurados lançou cartaz pedindo informações que ajudem a localizar e prender três traficantes, foragidos da Justiça do Pará, e que estão escondidos na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, Zona Norte. Eles são identificados como Leonardo Costa Arajuno, conhecido como Léo 41, de 35 anos; Anderson Souza Santos, o Anderson Latrol, de 31, e David Palheta Pinheiro, o Bolacha, de 30. No Instituto Médico-Legal, foi montada uma força-tarefa com funcionários que estavam de folga e de férias para agilizar a liberação dos corpos dos mortos na operação policial da Vila Cruzeiro.

Na quarta, o Supremo Tribunal Federal informou que o ministro Luiz Edson Fachin conversou com o procurador de Justiça do Rio de Janeiro, Luciano de Oliveira Mattos de Souza, e manifestou "muita preocupação" com a operação policial. O Ministério Público do Rio de Janeiro solicitou um Procedimento Investigatório Criminal para apurar as circunstâncias das mortes. A ação é considerada a segunda mais letal da história do Rio de Janeiro, atrás somente da ação no Jacarezinho, de maio de 2021, que resultou em 28 mortes.

SBT News

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