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Unanimidade no Recife, Elba Ramalho diz que cantaria com Wesley Safadão

Com mais de 40 anos de carreira, seu público continua jovem. Por quê?

Da Redação do Diamante Online

06/02/2016 às 11:58 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

Com música nova no Carnaval 2016, a pulsante "Frevo, Paixão e Zueira", Elba Ramalho não engana nem usando a gíria da moda no título da faixa. Seu gosto é mais tradicional, voltado aos frevos e forrós, especialmente os do mestre Luiz Gonzaga. Mas isso significa ignorar a nova geração.

"Não tem essa onda não comigo, não. Se eu cruzar com o Wesley [Safadão], vou subir no palco e cantar com ele", diz ao UOL a talvez mais pernambucana das paraibanas, estrela da folia do Recife. "O céu é grande. Nenhuma estrela atropela a outra."

No Estado que adotou como seu, Elba conduzirá a abertura oficial do Carnaval na noite desta sexta (5), no Marco Zero, além de mais quatro shows em apenas dois dias. Nesse ínterim, ela ainda canta nas capitais do Sergipe e no Rio Grande do Norte. Terras que conhece bem.

"Para o meu gosto, o Recife tem o melhor Carnaval do Brasil. Há um respeito grande por mim. As pessoas sabem quem sou. Reconhecem perfeitamente minha arte. É um lugar que me sinto confortável. Digo isso sem pretensão, mas há uma unanimidade, graças a Deus."

Sobre os shows que apresentará na folia, ela adianta: haverá as misturas que tanto preza, além de surpresas pontuais. "Tenho um repertório de base, que todos gostam, com "Banho de Cheiro", "Frevo Mulher", "Leão do Norte", mas sempre trago coisas novas, uns três momentos inusitados. Vocês vão ver".

UOL – Você canta há décadas no Carnaval do Recife, o quanto ele ainda consegue mexer com você?

Elba Ramalho - Não posso dizer que fico ansiosa. Fico é feliz por ser uma festa que tem uma tradição afetiva no meu coração. Meu pai era músico de orquestra. Cresci com esse Carnaval de Pernambuco lá na minha Paraíba. Não existe uma grande distância entre nós. Semana passada, vim ensaiar com a orquestra do mestre Spok, e, quando vi a orquestra tocando, me enchi de emoção. Meu coração dispara. É um jeito de fazer música que me emociona. As orquestras, os arranjos, tudo tem aquele toque clássico. É muito rico. O Carnaval de Recife não se corrompe. Ele é fiel. Vem das tradições dos avós e bisavós.

O que trará de novo desta vez?

Tenho um repertório de base, que todos gostam, com "Banho de Cheiro", "Frevo Mulher", "Leão do Norte", mas sempre trago coisas novas, uns três momentos inusitados, vocês vão ver. Eu misturo, canto ciranda, canto Lulu Santos. Enfim, gosto de "misturebas" boas assim. E estou com uma música nova. É mais um frevo. Mais um pingo d´água no oceano do Carnaval. Mas ainda assim é um pingo.

Recife tem a fama de ter o melhor Carnaval do Brasil. Concorda?

Para o meu gosto, é o melhor, porque tenho afinidade com a música daqui. Não que eu não tenha afinidade com samba e as marchinhas cariocas, que eu amo de paixão. Estou no Rio há 40 anos. Mas Recife tem um respeito grande por mim. As pessoas sabem quem eu sou. Reconhecem perfeitamente minha arte. É um lugar que me sinto confortável. Digo isso sem pretensão, mas há uma unanimidade, graças a Deus.

A você, que preza o tradicional, incomoda a ascensão do forró eletrônico e dos artistas ditos "populares"?

Não me incomoda. O céu é grande. E nenhuma estrela atropela a outra. Tem lugar para todo mundo. Acabei de falar isso com amigos: às vezes quero até cantar uma música de uma banda forró eletrônico, mas não consigo memorizar muito. A composição em si não me prende muito. São músicas mais simples. Uma parece com a outra, não sei distinguir muito quem é quem.

Mas eu respeito. Sei que são fenômenos. Wesley [Safadão] é um grande fenômeno. Fiz show agora com a Solange Almeida, do Aviões do Forró, que eu amo de paixão. Ela canta muito. É uma cantora por excelência. Não tem essa onda comigo, não. Se eu cruzar com o Wesley, vou subir no palco com ele e cantar.

Com mais de 40 anos de carreira, seu público continua jovem. Por quê?

Nem sei distinguir muito qual é o público da nova geração. Graça a Deus, tenho trazido os jovens para meu trabalho. Talvez seja pelo meu jeito de ser como artista. Pelo meu comportamento de cena. E, também, me honra muito conseguir agregar vários seguimentos da música brasileira. No projeto "Elba Convida", em Trancoso [BA], dividi palco com Martnália, Toni Guarrido, Samuel Rosa, com o guitarrista do Jota Quest. Uma festa total. Como o Samuel me disse, eu consigo agregar e provocar isso.

Há dois anos, você disse que já pensava no dia da aposentadoria. Continua pensando?

Eu penso. Mas, entre pensar e concretizar, tem um percurso. E está meio longe. Primeiro, porque meu trabalho é muito solicitado. Trabalho de ponta a ponta no Brasil, o que me deixa muito feliz. E eu vivo disso. Acho que não vou sair de cena tão cedo. Sei que tenho um tempo de validade, assim como todos têm. Mas, enquanto eu estiver aqui, com alegria e alegrando as pessoas, acho que vou ficar.

 

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