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Paraíba

Povoados antigos ressurgem após barragem secar no interior da Paraíba

Os dois eixos do Projeto de Integração do Rio São Francisco partem do Pernambuco, na divisa com a Bahia

Da Redação do Diamante Online

29/07/2016 às 15:25 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

No Agreste paraibano, moradores das Vilas Melancia, Pedro Velho e Cajá, no município de Itatuba, sofrem com a diminuição do volume de água na Barragem Argemiro de Figueiredo, conhecida como Acauã, que está hoje com 12,2% de sua capacidade total. Isso é o resultado da seca prolongada, que já está no seu quinto ano. A falta de água faz surgir povoados antigos encobertos pela barragem: casas, escola e cemitério que enchem de saudade os corações de quem viveu neste lugar que uma vez foi tomado pela água. E, mesmo que não chova, a transposição promete repetir esse ‘milagre’.

“Eu não sei o que é pior, se é ver tudo seco, ou se é ver os fantasmas do lugar onde a gente foi tão feliz. Eu nem consigo ir lá sem chorar, fui lá a última vez em setembro, depois que secou, tirar os ossos do meu pai e da minha mãe. A seca fez surgir nossa casa. É claro que fomos indenizados, ganhamos outra casa, mas é diferente. Todo esforço fica sem sentido quando a gente vê uma barragem desse tamanho quase seca e sem uma gota d’água pra cair do céu”, disse o pedreiro Francisco Bezerra, 50 anos, pai de duas filhas.

Já o agricultor José da Silva, 56 anos, conta que lembra quando a barragem de Acauã foi inaugurada em 2002. Ele disse que sempre morou no vilarejo e que, nos últimos 14 anos, o distrito, encoberto pela água, nunca havia ressurgido.

“Sou pernambucano e vim morar no distrito antigo Pedro Velho com 16 anos. Tenho um cunhado enterrado no cemitério que até ano passado estava encoberto pela água. Prefiro nem beber daí, porque sei lá, tem gente enterrada lá embaixo, tem a poluição que vem de Campina. Se bem que eu acho a água daqui bem melhor que a de Boqueirão, não sei explicar porquê, mas é notório, até no gosto”, disse José, que mora a aproximadamente 30 metros da barragem.

De acordo com a Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia (Serhmact), o reservatório Acauã represa as águas do Rio Paraíba em seu curso médio e não é considerada uma bacia receptora da transposição, embora também deva ser beneficiada,já que está no trajeto das águas. Ela já passou recentemente por obra de recuperação, também por meio do programa de recuperação de barragens (2ª etapa), cujo trabalho foi concluído em dezembro do ano passado.

Acauã pode guardar 253 milhões m3 de água, mas está com 30.773.808 m³.

Eixo leste

Os dois eixos do Projeto de Integração do Rio São Francisco partem do Pernambuco, na divisa com a Bahia. O eixo leste, com 84,4% da obra finalizada, possui 217 km de extensão. A captação de água ocorre no lago da barragem Itaparica, em Floresta-PE, e se desenvolve até o Rio Paraíba, com abastecimento dos quatro açudes que estão no caminho do rio.

O Norte

Já o eixo norte, que será alvo da série de reportagem do Correio, a partir de amanhã ,tem 260 km.Captará água em Cabrobó (PE) e a conduzirá até os rios Salgado e Jaguaribe (CE); Apodi (RN); e Piranhas-Açu, na Paraíba e Rio Grande do Norte. Também irá beneficiar o reservatório Engenheiro Avidos, em Cajazeiras (PB), e São Gonçalo, em Sousa (PB).

Abastece 11 cidades e dois distritos

“Já concluímos as reformas na parede do Açude Acauã, colocamos grade de proteção e também reformamos a parte estrutural do reservatório. No total, a barragem abastece onze cidades e dois distritos, seja através da adutora ou pelo sistema da Cagepa”.

Correio da Paraíba

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