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Policial

Laudo sobre morte de jovem em silo na PB deve ser divulgado em 30 dias

Perícia preliminar indica que vítima não estava com cinto de segurança. Corpo foi retirado após 38 horas de trabalho do Corpo de Bombeiros.

Da Redação do Diamante Online

26/02/2016 às 22:08 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

O laudo do Instituto de Polícia Científica (IPC) da Paraíba sobre a morte do jovem, que havia caído dentro de um silo de trigo no Porto de Cabedelo, na Grande João Pessoa, deve ser divulgado em cerca de 30 dias, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (26). De acordo com as primeiras informações da perícia, iniciada ainda no local, o corpo do rapaz estava inteiro e não apresentava sinais de que ele estava usando cinto de segurança na hora do acidente.

A vítima, Ewerton Arthur Santos caiu dentro do silo na tarde de terça-feira (23) e foi dado como morto pelos bombeiros. O corpo dele foi retirado do silo após cerca de 38 horas de trabalho do Corpo de Bombeiros. Ele foi retirado na manhã da quinta-feira (25) e enterrado pela família no mesmo dia.

Os trabalhos de buscas das equipes do Corpo de Bombeiros foram iniciadas às 19h da terça. De acordo com o perito do Instituto de Polícia Científica (IPC), Guilherme Batista, só na manhã da quinta-feira os bombeiros conseguiram visualizar a cabeça do jovem, que ainda estava coberto pelo trigo. Os primeiros indícios apontavam que o jovem morreu por asfixia, mas o perito comentou que após o corpo ser retirado do silo, será feito um exame, ainda no moinho, com o objetivo de encontrar alguma lesão.

"Identificamos, a príncipio, uma situação de engolfamento [quando a vítima é envolvida por líquidos ou sólidos finamente divididos que possam ser aspirados causando a morte por enchimento ou obstrução do sistema respiratório, ou que possa exercer força suficiente no corpo para causar morte por estrangulamento, constrição ou esmagamento]. Mas vamos esperar o fim do trabalho dos bombeiros, para retirar e isolar o corpo. E nesse tempo, procurar lesões e identificar se a vítima usava ou não EPI [Equipamento de Proteção Individual]", explicou Batista.

Conforme informações do Corpo de Bombeiros, a demora no resgate do corpo aconteceu pelo fato da empresa pedir que os estragos na estrutura fossem mínimos. O equipamento fica no Grande Moinho Tambaú, pertencente à empresa alimentícia M. Dias Branco, localizada no Porto de Cabedelo.

Em nota, a empresa informou que o silo onde ocorreu o acidente será absolutamente esvaziado e todo o material retirado será destinado ao aterro sanitário, de acordo com as normas de segurança e ambientais vigentes. Ainda segundo o comunicado, a empresa disse que ia se comprometer em fornecer aos órgãos periciais, a cópia da documentação de descarte, tão logo concedida pela autoridade ambiental competente.

Segundo os bombeiros, o silo não estava cheio, armazenava apenas 40% da sua capacidade, mas foi preciso retirar praticamente todo trigo para chegar até o corpo. Foram feitas duas aberturas no silo e o Corpo de Bombeiros ainda precisou derrubar uma parede que margeia a estrutura para facilitar o escoamento do trigo. Caminhões foram utilizados durante a madrugada desta quinta-feira para retirar e transportar o trigo que escoava do local.

De acordo com o Centro Integrado de Operações do Corpo de Bombeiros (Ciop), o trabalho está sendo intensivo, com revezamento de equipes, e acontece desde as 19h de terça-feira. Cerca de 10 toneladas de trigo impediram que o corpo fosse localizado imediatamente.

Conforme o Corpo de Bombeiros, a suspeita é de que Ewerton Arthur Santos teria caído em um equipamento que tritura o trigo. A empresa que gere o moinho informou que o funcionário era contratado terceirizado pela empresa Saul SN Prestadores de Serviço e tinha a função de limpar o silo.

O Ciop explicou que a principal suspeita é de que o jovem tenha caído em um equipamento que tritura o trigo uma vez que ao chegar no local os bombeiros encontraram pedaços de roupas e calçados triturados. De acordo com Glesmir da Silva, que é primo da vítima, Ewerton trabalhava em uma empresa que prestava serviços para o moinho e estava de serviço no momento em que morreu.

Glesmir explicou que os colegas de trabalho do jovem deram falta da vítima no final da tarde. “Os amigos dele saíram do serviço e viram a bicicleta e a roupa dele, mas ele não estava”, disse. Segundo Glesmir da Silva, ao voltar para o silo onde a vítima trabalhava, os colegas viram uma bota que poderia ser do jovem e acionaram o Corpo de Bombeiros.

Coforme nota enviada pela assessoria da empresa que gere o Grande Moinho Tambaú, o funcionário tinha treinamento especial para o desempenho de trabalho em espaço confinado e em altura. Ainda de acordo com a nota,"o Grande Moinho Tambaú aguarda o resultado da perícia para verificação das causas do acidente e tomará todas as medidas cabíveis. Lamentamos muito a fatalidade e prestaremos todo o apoio possível à família do trabalhador".

A empresa pela qual Ewerton Arthur Santos era contratado, Saul SN Prestadores de Serviço, também em nota enviada ao G1, informou que os funcionários trabalham com equipamentos de segurança individual. O proprietário da empresa, Saul Costa da Silva, explicou que toda a assistência está sendo prestada ao funcionário que morreu em serviço.

"Tão logo soubemos do acidente, nossa empresa entrou e contato com a família e disponibilizou todo o auxílio possível. Nossa equipe ficou de plantão na planta industrial durante toda a noite e estamos acompanhando agora os trâmites para o funeral do trabalhador, respeitando este momento de luto da família. Como empreendedor e dono da empresa prestadora de serviço, posso dizer que ele era um trabalhador exemplar, muito querido por todos. Não tenho palavras para expressar nossa dor diante desta triste fatalidade, algo que nunca havia ocorrido desde que a empresa foi fundada, em 2010", concluiu.

G1

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