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Polícia metralha corola da cidade de Patos e acaba matando jovem por confundir taco de sinuca com fuzil

Os atletas que viajam de carro para competições pelo norte e nordeste normalmente levam seus tacos nos estojos

Da Redação do Diamante Online

02/08/2018 às 09:19 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

Policiais Militares do Ceará metralharam um veículo Toyota, modelo Corola, com quatro atletas de sinuca da Paraíba que se deslocavam por terra para São Luís, onde participariam do V Campeonato Norte/Nordeste de Sinuca, que começa nessa sexta-feira, na Associação Atlética Banco do Brasil, em São Luís. José Messias Guedes Oliveira (Messias), de 35 anos, que viajava no banco de trás, morreu atingido com um tiro a altura da virilha. Os demais escaparam milagrosamente, sendo atingidos de raspão e com estilhaços de bala.

Naturais de Patos, na Paraíba, Messias, Gutiely Pereira de Araújo (Gutiely), Wendel Félix Xavier de Medeiros (Wendel) e um quarto atleta, identificado como Josean, saíram de Patos, às 20h30 de terça-feira, com para o evento de sinuca de São Luís.

Pouco depois de 1 da madrugada, pararam num posto de combustíveis para fazer um lanche, a 60 quilômetros da cidade de Campos Sales, já no interior do Ceará.

Em contato com O INFORMANTE, Wendel de Medeiros, que estava no banco de trás do corola, dirigido por Gutiely, contou como tudo aconteceu: “Nós lanchamos e ficamos conversando um pouco com um frentista. Depois de tudo, soubemos que quando saímos ele, ou alguém do posto, ligou para a Polícia dizendo que havia quatro homens com armas num corola e que estavam indo na direção de Campos Sales. O frentista viu os nossos tacos de sinuca nos estojos imaginou que se tratava de armas. Exatamente 62 quilômetros depois do posto, pouco depois de 2h da madrugada, já na entrada de Campos Sales, percebemos umas quatro viaturas da Polícia paradas, em sentido contrário, uma delas com o giroflex ligado e as outras com as luzes apagadas. Sem saber de nada, continuamos. As viaturas estavam posicionados no sentido contrário. Não havia cones, cancelas, nada…, a nossa pista estava livre. O local era completamente escuro. Quando emparelhamos com eles, passando devagar, os policiais abriram fogo contra o nosso carro. Gutiely acelerou e, 500 metros depois, quando vimos a igreja da cidade, já no claro, paramos o carro. Eu tinha levado um tiro de raspão na nuca e Josean estava com ferimentos de estilhaços de bala nas pernas e braços. Gutiely nada sofreu. Eles chegaram em seguida mandando todo mundo descer do veículo e deitar no chão. Desci com Gutiely e Josean, mas Messias continuou dentro do carro. Deitados, com as mãos na cabeça praticamente gritamos para os policiais que éramos pais de família e não bandidos. Eles checaram o corola, constataram que as ‘armas’ que imaginaram eram apenas tacos e providenciaram socorro para a gente. Quando chegamos ao hospital não tinha praticamente nada…, desfibrilador, morfina, nada… Messias estava com um ferimento de bala a altura da virilha, e morreu no hospital, sem condições de receber um atendimento que pudesse lhe salvar a vida”.

Os atletas que viajam de carro para competições pelo norte e nordeste normalmente levam seus tacos nos estojos dentro do veículo, porque, inteiriços e grandes, na maior parte, não cabem no porta-malas.

O presidente da Federação Maranhense de Bilhar e Sinuca (FMBS), Lourival Bogéa, lamentou a morte do atleta Messias e condenou a “ação irresponsável e completamente atabalhoada” dos policiais militares do Ceará envolvidos nesse assassinato, os quais mostraram um “despreparo completo para lidar com a situação”.

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