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Política

A renúncia de Dilma e Lula é o caminho menos traumático para o momento

Moro agiu no episódio como justiceiro, retaliando a presidente Dilma por ter tirado da primeira instância o caso de Lula

Da Redação do Diamante Online

19/03/2016 às 12:43 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

O clima de instabilidade política no país aponta para um único horizonte neste momento: a renúncia da presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-presidente e agora ministro chefe da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva. O ápice desta história melancólica seria completa com as renúncias do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e Renan Calheiros (PMDB-AL), além do vice-presidente Michel Temer (PMDB). A saída do quinteto abriria espaço para que o país seguisse o curso e eleições democráticas decidissem quem assumiria o poder.

Posse de Lula

Posso concordar com uma série de argumentos dos petistas em relação aos métodos do juiz federal Sérgio Moro. O magistrado, que conduzia as investigações com correção até a semana passada, se vislumbrou com o apoio popular nas manifestações do último domingo e passou a se comportar como líder de torcida. A gota d’água foi a liberação das escutas telefônicas no início da noite de quarta-feira (16), envolvendo o ex-presidente e agora ministro e a presidente Dilma Rousseff. Ambos, naquele momento, tinham foro privilegiado.

Moro agiu no episódio como justiceiro, retaliando a presidente Dilma por ter tirado da primeira instância o caso de Lula por causa do foro privilegiado assumido com a posse. Isso fará com que as gravações não tenham valor de provas contra o ex-presidente. Entretanto, a despeito de eventuais ações judiciais que possam ter o juiz como alvo por causa da ilegalidade, as gravações mostram coisa muito série. Deixam claro que Lula foi nomeado com o principal objetivo de livrá-lo da cadeia, coisa que se apresentava como iminente.

Pior, o ex-presidente estava mesmo tentando influir nas investigações e reclamava de figuras que ele ajudou a chegar no poder, como o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ou ministros do Supremo Tribunal de Justiça. Tudo muito longe do que era preconizado pelo antigo Lula, aquele que veio do movimento sindical, prometeu um país melhor, entregou aparentemente o que prometia, mas se locupletou e até permitiu a corrupção no seu governo. Além disso, repassou o mesmo legado para a sucessora, Dilma Rousseff, que vendeu uma falsa aura de credibilidade.

 A sensação para os brasileiros, neste momento, é que o governo é conduzido por um bando. Se sai Dilma, entra Michel Temer, que também poderá se tornar alvo de investigações na Operação Lava Jato. Os principais nomes do PMDB estão todos sendo investigados e não são exatamente uma opção de correção para chegar ao poder. Até por que depois de Temer, o terceiro na linha de sucessão é Eduardo Cunha, aquele mesmo carregado de denúncias de corrupção. Sinceramente, é preciso novas eleições e que as coisas comecem a tramitar do zero.

Blog de Suetoni

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