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Paraíba

Paraíba registra mais de 550 estupros em menos de seis anos, afirma ONG

Casos foram registrados entre janeiro de 2010 e final de novembro de 2015. Maioria dos estupros na PB são contra crianças e adolescente, diz ONG.

Da Redação do Diamante Online

09/02/2016 às 08:00 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

A cada mês, sete pessoas são vítimas de estupro no estado da Paraíba. Esse é o índice apontado pela Organização Não Governamental (ONG) Centro da Mulher 8 de Março de João Pessoa, que acompanha mulheres vítimas de violência com auxílios, serviços e campanhas de proteção. Conforme dados coletatados pela ONG, entre o início de 2010 e mês de novembro de 2015, foram registrados 556 estupros em todo o Estado. Deste total, segundo a ONG, 65,4% aconteceram contra criança e adolescentes.

De acordo com a coordenação do Centro, apesar dos números registrados já serem preocupantes, o número real de estupros é ainda maior, pois nem todas as vítimas procuram a polícia após os crimes. O levantamento feito pela ONG mostra que nestes seis anos, foram estupradas 189 mulheres adultas, 168 adolescentes de 13 a 17 anos e 199 crianças de até 12 anos. O G1 solicitou os dados registrados pela Secretaria de Segurança do Estado da Paraíba (Sedes), mas, até o fechamento desta reportagem, a demanda não foi respondida.

Ainda segundo a ONG, em 2010 foram registrados 130 estupros, em 2011 ocorreram 104, em 2012 foram 108, em 2013 mais 98, no ano de 2014 ocorreram 71 casos e nos 11 primeiros meses de 2015 mais 45. Mesmo com a redução dos números aos longo dos, a coordenadora do Centro 8 de Março, Irene Marinheiro, acredita que os crimes podem estar voltando a ocorrer de maneira silenciosa, o que ser torna mais perigoso para as vítimas, além de dificultar o trabalho de combate.

“O fato dos números terem reduzido não quer dizer que as mulheres estão deixando de ser violentadas, mas sim que os casos não estão sendo registrados. Muitas vezes as vítimas passam anos sofrendo os abusos e não denunciam por serem ameaças e pelo medo do preconceito que infelizmente ainda existe contra pessoas que sofrem abuso”, explica a coordenadora. Segundo o Centro 8 de Março, 70% dos casos de estupros são praticados por pessoas da família, sendo pais, padastros, irmãos, primos, além de amigos próximos da família.

Um caso recente que reforça a informação do Centro 8 de Março foi denunciado em novembro do ano passado, quando um homem de 66 anos foi preso suspeito de estuprar a enteada de nove anos em Campina Grande. Em depoimento, à polícia, a criança contou que os abusos ocorriam desde o mês de dezembro de 2014.

Ainda no Sertão da Paraíba, dois homens, de 19 e 26 anos, foram presos suspeitos de terem invadido a casa de uma idosa de 80 anos, roubarem, estuprarem a vítima e depois matá-la, na cidade de Patos, no Sertão paraibano. O crime aconteceu no último dia 17 de janeiro e a dupla foi presa no dia 25 do mesmo mês, por força de manado de prisão preventiva. Os dois homens assumiram a autoria do crime no momento da prisão, segundo informou a Polícia Civil.

Pais devem observar comportamento de filhos, diz ONG
Os dados apresentados pelo Centro 8 de Março mostram que maior parte dos casos de estupros ocorrem contra crianças e adolescentes. Em muito casos as vítimas chegam a passar anos sofrendo o abuso em silêncio, de acordo com a ONG. A coordenadora Irene Marinheiro disse que os pais e até professores devem ficar atentos aos comportamentos das crianças e adolescentes e suspeitar quando elas apresentarem comportamento diferentes.

“Quando uma criança ou adolescente sofre abusos, o comportamento dela muda imediatamente. É preciso que os pais sempre fiquem atentos e desconfiem de comportamentos estranhos. Não há uma mudança específica, ela pode ficar agressiva com outras crianças, se isolar, ficam muito calada, com medo, pavor nos olhos. Em casos de crianças mais novas é interessante ter atenção com os desenhos que elas fazem, pois, geralmente essa é ferramenta de expressão mais usada por elas”, frisa Irene.

G1

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