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Ex-presidente dos EUA Joe Biden é diagnosticado com forma agressiva de câncer de próstata que se espalhou para os ossos

O presidente Donald Trump afirmou ter ficado "entristecido" ao saber da notícia.

Por Redação

19/05/2025 às 07:41 | Atualizado em 19/05/2025 às 07:41

 O ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, de 82 anos, foi diagnosticado na sexta-feira com uma forma agressiva de câncer de próstata que se espalhou para os ossos, confirmou um porta-voz do político do Partido Democrata neste domingo. O diagnóstico veio após Biden ter sintomas urinários, e os médicos encontrarem um “pequeno nódulo” na próstata que exigia “avaliação adicional”.

A doença foi “caracterizada por uma pontuação de Gleason de 9 (Grupo de Grau 5) com metástase para o osso”, diz a declaração. O câncer de próstata é o mais comum entre homens e é considerado uma neoplasia da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos, segundo informações do Ministério da Saúde.

No caso da metástase, é quando o caso está avançado, e as células cancerígenas se desprendem do tumor de origem e se disseminam para outras partes do corpo. “Embora isso represente uma forma mais agressiva da doença, o câncer parece ser sensível a hormônios, o que permite um controle eficaz”, informa a nota. Segundo o porta-voz, Biden e sua família avaliam opções de tratamento com seus médicos.

De acordo com informações da agência de notícias Associated Press, esse não é o primeiro diagnóstico oncológico do ex-presidente. Pouco antes de iniciar seu mandato, Biden teve vários cânceres de pele removidos cirurgicamente. Além disso, teve outra lesão cancerígena, um carcinoma basocelular, retirada do peito em fevereiro de 2023.

O presidente Donald Trump afirmou ter ficado "entristecido" ao saber da notícia. A ex-vice de Biden, Kamala Harris, também se manifestou e disse que o democrata "é um lutador". O ex-presidente democrata Barack Obama disse, em publicação na rede social X, que "ninguém fez mais para encontrar tratamentos inovadores para o câncer em todas as suas formas do que Joe, e estou confiante de que ele enfrentará esse desafio com sua determinação e elegância características. Oramos por uma recuperação rápida e completa".

Biden comandou os EUA entre 2021 e 2024, após ser vice-presidente nos dois mandatos de Barack Obama, entre 2009 e 2016, e depois de derrotar Donald Trump nas urnas. Ele se candidatou à reeleição no ano passado, aos 81 anos, para novamente disputar a Casa Branca com o rival republicano. Caso fosse o nome escolhido nas urnas, em novembro, ele seria o presidente mais velho a ser eleito, no país. No decorrer da corrida eleitoral, no entanto, sua saúde começou a ser questionada, tanto pelos adversários republicanos, como em seu próprio partido. As críticas se intensificaram após o primeiro debate, no fim de junho, quando Biden se perdeu em falas confusas e repetitivas.

Na primeira entrevista coletiva após o debate com Donald Trump, o ex-presidente confundiu o nome da vice-presidente, Kamala Harris, com o do republicano ao responder uma pergunta sobre a capacidade de Kamala de possivelmente enfrentar Trump em uma disputa.

— Eu não teria escolhido Trump se não achasse que teria chance de vencer — disse Biden, fazendo referência a Kamala, sem notar o erro.

Pouco antes, o democrata já havia cometido uma gafe em seu discurso no último dia da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Washington. O então presidente americano apresentou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que estava ao seu lado, pelo nome do mandatário russo e seu opositor na guerra que assola o país, Vladimir Putin.

— E agora gostaria de passar a palavra ao presidente da Ucrânia, que é tão corajoso quanto determinado. Senhoras e senhores, presidente Putin — anunciou Biden, retornando ao púlpito para se corrigir quando a plateia já havia começado a bater palmas. — Presidente Putin? Temos de derrotar o presidente Putin. Presidente Zelensky! Estou tão concentrado em derrotar Putin... temos de nos preocupar com isso.

No fim de julho, o ex-presidente desistiu de disputar a reeleição, apoiando o nome de sua vice, Kamala, para representar o Partido Democrata no pleito. “Tem sido a maior honra da minha vida servir como seu Presidente”, disse numa carta publicada nas redes sociais. “E, embora minha intenção tenha sido buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como Presidente pelo restante do meu mandato.”

Kamala, no entanto, foi derrotada por Trump nas eleições de novembro. O republicano venceu em todos os estados decisivos, ainda que por pouco, e conquistou 312 dos 270 colégios eleitorais necessários para ser reconduzido à Casa Branca em 20 de janeiro deste ano.

Desde então, Biden tem mantido um perfil discreto, passando a maior parte do tempo em Delaware e viajando para Washington para se reunir com a equipe e planejar sua vida pós-presidencial. Depois que Trump ultrapassou a marca de 100 dias de governo, e antes do lançamento de livros que abordaram sua presidência e a campanha de 2024, porém, Biden participou de entrevistas em que rebateu as alegações de que sofria de declínio mental.

— Eles estão errados — disse Biden durante uma entrevista no programa “The View”. — Não há nada que sustente isso.

No entanto, na semana passada, trechos do livro "Pecado original" (em tradução livre), dos jornalistas Jake Tapper e Alex Thompson, ofereceram mais detalhes do declínio cognitivo de Biden.

Além disso, a divulgação de um áudio da entrevista de Biden em 2023 com Robert K. Hur, conselheiro especial que investigou seu manuseio de documentos confidenciais, reacendeu o assunto. A gravação, publicada pela Axios, mostrou a voz frágil de Biden e sua dificuldade em fornecer datas e detalhes.

Hur acabou se recusando a recomendar acusações contra Biden, em parte porque, segundo ele, um júri consideraria o então presidente um “homem idoso, simpático e bem-intencionado, com memória fraca”.

Em fevereiro de 2024, quando Biden ainda era presidente, seu médico de longa data o declarou “apto a servir” depois que ele passou por um exame físico de rotina no Centro Médico Militar Nacional Walter Reed.

Biden e sua família enfrentaram inúmeros desafios de saúde ao longo de suas vidas. Além das lesões cancerígenas de pele, em 1988, Biden lutou contra dois aneurismas cerebrais que ameaçaram encerrar sua carreira política. Seu filho Beau morreu em 2015 de glioblastoma, uma forma agressiva de câncer no cérebro.

Em 2022, Biden fez do programa “missão lunar contra o câncer” uma das prioridades de sua administração. O objetivo era reduzir pela metade a taxa de mortalidade por câncer nos 25 anos seguintes. A iniciativa foi uma continuação de sua atuação como vice-presidente para combater uma doença levou a vida de seu filho mais velho.

*Com The New York Times

O Globo

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