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Ex-cirurgião francês é acusado de estuprar mais de 300 menores incluindo a própria neta
Scouarnec exerceu a profissão até 2017, quando foi denunciado por uma vizinha.
Por Redação
01/03/2025 às 18:15 | Atualizado em 01/03/2025 às 18:20
O ex-cirurgião francês Joël Le Scouarnec, 74 anos, confessou nesta sexta-feira (28), durante o maior julgamento de caso de pedofilia da história da França, ter abusado sexualmente da própria neta. Ele é acusado de estuprar e abusar de cerca de 300 menores ao longo de décadas.
A média de idade das vítimas, no momento dos crimes, era de 11 anos.”Sim, confesso que abusei sexualmente de minha neta”, declarou ao tribunal de Vannes, 450 km a oeste de Paris, na presença de seu filho primogênito, que é o pai da criança. A audiência foi suspensa para que o filho do acusado e sua companheira fossem atendidos por psicólogos.
Nos cadernos e arquivos apreendidos durante sua prisão em 2017, o médico havia escrito sobre “fantasias sexuais” com sua neta mais de 20 vezes -desde que a vítima tinha apenas 45 dias de vida. Como a vítima ainda é menor, os atos não estão prescritos e foram registrados em ata, afirmou o advogado-geral, Stéphane Kellenberger.
Antes da confissão, o pai da criança havia falado ao tribunal sobre incestos e múltiplas agressões sexuais que marcam o contexto familiar e a personalidade do pai.
Na segunda-feira (24), a França iniciou o maior julgamento de caso de pedofilia de sua história, que deve durar quatro meses. No primeiro dia de audiência, Scouarnec admitiu a autoria de seus crimes e confessou ter cometido “atos abomináveis”.
A polícia apreendeu na casa do acusado uma coleção de bonecas, apetrechos sexuais e milhares de arquivos digitais, com imagens de pornografia infantil e uma espécie de diário no qual, segundo o volumoso inquérito, o cirurgião registrava nomes e idades das vítimas, datas e detalhes sórdidos dos crimes cometidos.”Sou ao mesmo tempo exibicionista, voyeur, escatófilo [que se excita com excrementos] e pedófilo”, confessa o réu em uma das anotações.
O caso suscitou um debate na França sobre as falhas institucionais que permitiram tantos anos de impunidade. A polícia federal americana, o FBI, emitiu um alerta para às autoridades francesas informando que ele havia consultado sites de abuso infantil.
Mesmo tendo sido condenado a quatro meses de prisão em regime aberto por posse de imagens de pedofilia em 2005, Scouarnec se transferiu de hospital em hospital sem que o histórico judicial o impedisse de ficar a sós com pacientes.
Em 2006, o equivalente francês do Conselho Regional de Medicina concluiu que a condenação não o impedia de exercer a profissão. Hoje as entidades da categoria afirmam ter adotado procedimentos mais rigorosos.
Scouarnec exerceu a profissão até 2017, quando foi denunciado por uma vizinha: sua filha, de seis anos, tinha lhe contado que o médico se masturbou e a penetrou com um dedo. O ex-cirurgião foi condenado em 2020 a 15 anos de prisão por esse e outros três casos de violência sexual.
Desde então, seus arquivos permitiram rastrear centenas de outras vítimas, o que levou ao novo julgamento.Dada a sua dimensão, o julgamento está sendo comparado ao do caso Gisèle Pelicot.
Ao longo de quase uma década, a vítima foi drogada pelo ex-companheiro e estuprada por 50 desconhecidos que ele recrutava na internet. Todos os agressores foram condenados em dezembro.
Folhapress
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