Opinião
Tom Martins
No leito do poder, a correnteza de Lucas Ribeiro
Há movimentos que lembram o curso das águas: começam discretos, ganham volume, arrastam margens e, quando se percebe, já estão moldando a geografia em volta.
Por Tom Martins • Política e cidades
12/08/2025 às 18:36 | Atualizado em 21/08/2025 às 15:47
Na política, como na vida, há encruzilhadas que não permitem retorno. São como rios que, ao encontrar seu leito definitivo, passam a correr com mais força, sem pedir licença às pedras que se colocam no caminho.
A pré-candidatura do atual vice-governador Lucas Ribeiro (PP) ao cargo máximo do Poder Executivo do Estado parece ter alcançado essa curva decisiva. De sussurro em bastidor, virou conversa aberta; de hipótese remota, passou a desenho nítido na cartografia do grupo que hoje governa a Paraíba.
É verdade que, nesse território de promessas e acordos, a paisagem pode mudar de uma hora para outra. Mas há movimentos que lembram o curso das águas: começam discretos, ganham volume, arrastam margens e, quando se percebe, já estão moldando a geografia em volta. A articulação em torno de Lucas não soa mais como ensaio, é quase uma maré anunciada.
Manter esse nome no horizonte indica a escolha de navegar pela mesma corrente, projetando rotas que dialogam com a travessia feita até aqui. Para Lucas, significa herdar não apenas um barco, mas também a bússola, o mapa e o peso de conduzir a embarcação em mar aberto.
O rio político, uma vez lançado, não conhece réguas para medir recuos. Ele avança, contorna remansos, enfrenta corredeiras e segue até o destino que as marés da história lhe reservaram. No caso da Paraíba, a nascente dessa jornada já foi marcada e o que resta saber é como serão as águas até o desembocar final.
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