Cícero Lucena e o banquete da ingratidão contra a família Ribeiro e o grupo governista

Na política, alianças são como correntes: cada elo reforça o outro, sustentando projetos e garantindo caminhos mais firmes. O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, sabe bem o peso dessa corrente. Em um tempo não tão distante, estava quase fora do mapa político, esquecido nos bastidores. Foi então que o partido Progressistas, sob o comando do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, lhe estendeu a mão. A família Ribeiro foi o sopro de vida em sua trajetória, devolvendo-lhe não apenas visibilidade, mas também força para retornar ao jogo.

Na eleição e na reeleição, Cícero não caminhou sozinho. Teve ao seu lado Aguinaldo Ribeiro, que bancou a defesa do nome de Cícero, e o governador João Azevêdo, que abriu espaço e garantiu sustentação. A vitória foi construída em conjunto, como um mutirão de confiança.

Mas agora, quando chegou a hora de retribuir, o prefeito da capital preferiu quebrar o elo. Em vez de apoiar Lucas Ribeiro — atual vice-governador, sobrinho de Aguinaldo e pré-candidato ao governo com o respaldo do próprio João Azevêdo —, decidiu anunciar-se também como pré-candidato. Um gesto que soa menos como independência e mais como deserção.

É como se, convidado a um banquete e saciado à mesa, Cícero tivesse virado as costas aos anfitriões para montar sua própria festa, ignorando quem lhe ofereceu o prato e a companhia.

O gesto de Lucena, além de surpreender, expõe o quanto a política pode ser terreno movediço, onde gratidão tem prazo curto e alianças são testadas na arena das ambições. Ao desafiar Lucas Ribeiro, o governador e até mesmo o Progressistas, o prefeito não apenas rompeu um pacto: colocou em xeque a confiança que um dia o resgatou.

O futuro mostrará se a mesa da política paraibana terá lugar para Cícero Lucena após este movimento — ou se ele ficará à margem do banquete que um dia o acolheu.