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Mundo

Governo Lula nega ajuda de custo para translado do corpo de brasileira que morreu em acidente na Indonésia

Itamaraty diz que transporte de brasileiros falecidos no exterior não pode ser pago com recursos públicos.

Por Redação

25/06/2025 às 14:43 | Atualizado em 04/09/2025 às 00:48

Jovem Juliana Marins morreu durante trilha em vulcão na Indonésia - Reprodução

Jovem Juliana Marins morreu durante trilha em vulcão na Indonésia (Foto: Reprodução)

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) informou, nesta quarta-feira (25), que não pode custear o traslado do corpo de Juliana Marins, jovem brasileira encontrada morta no vulcão Monte Rinjani, na Indonésia.

De acordo com o órgão, "o traslado dos restos mortais de brasileiros falecidos no exterior é decisão da família e não pode ser custeado com recursos públicos, à luz do § 1º do artigo 257 do decreto 9.199/2017". Veja na íntegra o artigo 257 do decreto:

Art. 257. A assistência consular compreende:

I - o acompanhamento de casos de acidentes, hospitalização, falecimento e prisão no exterior;

II - a localização e a repatriação de nacionais brasileiros; e
III - o apoio em casos de conflitos armados e catástrofes naturais.

§ 1º A assistência consular não compreende o custeio de despesas com sepultamento e traslado de corpos de nacionais que tenham falecido do exterior, nem despesas com hospitalização, excetuados os itens médicos e o atendimento emergencial em situações de caráter humanitário.

§ 2º A assistência consular observará as disposições do direito internacional e das leis locais do país em que a representação do País no exterior estiver sediada."

A operação de resgate de Juliana Marins durou, ao todo, mais de 14 horas. Em nota publicada nas redes sociais, o Parque Nacional do Monte Rinjani afirmou que o processo de evacuação da vítima foi realizado de forma intensiva e concluído com extremo cuidado.

O que diz o Itamaraty

"Informa-se que, em caso de falecimento de cidadão brasileiro no exterior, as Embaixadas e Consulados brasileiros podem prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com o governo local e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito, tão logo terminem os trâmites obrigatórios realizados pelas autoridades locais.

O atendimento consular prestado pelo estado brasileiro é feito a partir de contato do cidadão interessado ou, a depender do caso, de sua família. A atuação consular do Brasil pauta-se pela legislação internacional e nacional.

Em atendimento ao direito à privacidade e em observância ao disposto na Lei de Acesso à Informação e no decreto 7.724/2012, o Ministério das Relações Exteriores não divulga informações pessoais de cidadãos que requisitam serviços consulares e tampouco fornece detalhes sobre a assistência prestada a brasileiros".

Veja algumas limitações na assistência consular

  • Tornar cidadãos brasileiros imunes à legislação migratória de outros países;
  • Responsabilizar-se por contratos, dívidas ou despesas de qualquer natureza de brasileiros no exterior;
  • Interferir em questões de direito privado, como direitos do consumidor ou questões familiares;
  • Acelerar o trâmite de processos judiciais de brasileiros no exterior;
  • Interferir em caso de denegação de entrada em outros países;
  • Traduzir documentos ou atuar como intérprete;
  • Remarcar voos ou recuperar bagagem extraviada;
  • Custear despesas médicas ou advocatícias de nacionais no exterior;
  • Oferecer empréstimos a brasileiros;
  • Investigar, por conta própria, crimes ou desaparecimentos;
  • Oferecer refúgio ou hospedagem gratuita no local da Repartição, a não ser em situação de comprovada calamidade;
  • Organizar viagens de nacionais brasileiros a outros países;
  • Interferir para libertar cidadãos brasileiros detidos.

Relembre o caso

A brasileira Juliana Marins, de 24 anos, foi encontrada morta nesta terça-feira (24), após quatro dias desaparecida no vulcão Rinjani, na Indonésia.

A jovem, natural de Niterói (RJ), caiu durante uma trilha na última sexta-feira (20), sofrendo uma queda de aproximadamente 300 metros da trilha. A confirmação do óbito foi feita pela família e pelo Itamaraty.

Juliana, dançarina de pole dance e publicitária formada pela UFRJ, estava em um mochilão pela Ásia desde fevereiro, tendo passado por Filipinas, Tailândia e Vietnã. O acidente ocorreu enquanto ela e uma amiga realizavam uma trilha no vulcão Rinjani. Em um vídeo gravado antes da queda, as jovens comentaram que a vista "valeu a pena".

Após a queda de cerca de 300 metros, Juliana inicialmente conseguia mover os braços. Cerca de três horas depois, turistas a avistaram e contataram a família, enviando a localização exata e imagens.

A família relatou que Juliana ficou desamparada por quase 4 dias aguardando resgate, "escorregando" montanha abaixo. Durante os resgates, por diversas vezes a jovem era avistada em pontos diferentes. Via drone, Juliana foi avistada pela última vez, antes de ser encontrada morta, cerca de 500 metros penhasco abaixo, visualmente imóvel. Posteriormente, o corpo foi encontrado a cerca de 650 metros de distância do local da queda.

CNN Brasil

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