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Paraíba

Hospital Universitário de JP fará cirurgia que acaba com tremores do mal de Parkinson

Quem depende do SUS precisará acionar a Justiça para ter direito ao procedimento

Da Redação do Diamante Online

20/04/2016 às 15:39 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

A Paraíba vai ganhar um centro para a realização da cirurgia que consegue acabar com os tremores típicos do mal de Parkinson, doença degenerativa que atinge 1% da população, especialmente idosos. A criação do Centro Especializado em Epilepsia e Neurocirurgia Funcional (Cenef) está em análise no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW) e o atendimento ambulatorial começa em 30 dias. As cirurgias serão realizadas no HU e começam ainda este ano. Hoje, quem depende do SUS, precisa acionar a Justiça para ter direito ao procedimento.

O centro será referência para consultas e cirurgias. O projeto foi entregue pelo neurocirurgião Stênio Sarmento que, em parceria com o neurocirurgião funcional Emerson Magno de Andrade, está à frente do projeto.

Emerson Magno é especialista na ‘estimulação cerebral profunda’, que é feita há mais de uma década no Estado. Ele explicou que, tecnicamente, a intervenção é parecida com a que busca frear a evolução do mal de Alzheimer. Esta última, porém, ainda está em fase experimental. “Como não há nenhum serviço que ofereça de forma rotineira, nós, médicos, sugerimos que a cirurgia seja feita no HU, que tem toda a estrutura para isso. Será um centro de tratamento gratuito para a doença de Parkinson”, afirmou.

Segundo ele, a diferença entre as cirurgias para os dois males está no local do cérebro onde é implantado o eletrodo. Enquanto na cirurgia do Alzheimer, o alvo é o hipotálamo, para Parkinson, o dispositivo estimula o tálamo, o núcleo subtalâmico e o globo pálido interno. “O eletrodo é implantado e, através dele, é possível controlar, fazer a neuromodulação dos sintomas (tremores). Aumentamos a estimulação do eletrodo e, na hora, dá para perceber a diferença. No Alzheimer, o cérebro inteiro está em degeneração. A estimulação não tem um efeito visível e não se sabe se algum efeito pode ocorrer no futuro”, esclareceu.

O que falta. Os médicos que formam a equipe foram aprovados em concurso público e estão esperando a convocação. O neurocirurgião Emerson Magno declarou que, além dele, farão parte do corpo de especialistas os neurocirurgiões Alécio Barcelos, Gustavo Patriota e Stênio Sarmento.

Emerson Magno explicou ainda que o HU tem toda estrutura para que o centro comece a funcionar. Faltam apenas alguns tipos de materiais usados nessas cirurgias que ainda não estão disponíveis. Porém, segundo ele, o hospital tem condições de providenciar.

Uma vida normal. Tudo começou com pequenos tremores no dedo. Com o passar dos anos, o problema foi se agravando. Hoje, o aposentado Raimundo Freitas, 71, não consegue escrever. Se virar na cama é um sacrifício. Mesmo com dificuldade, ele insiste em se alimentar sozinho e, para facilitar a vida, substituiu o garfo pela colher.

A luta do idoso contra os tremores do mal de Parkinson dura uma década, mas deve terminar dentro de um mês. Ele está dando entrada na papelada para fazer a cirurgia que vai trazer de volta a firmeza de suas mãos. O convênio médico vai cobrir o tratamento.

“Enquanto não passo pelo procedimento, tomo a medicação indicada pelo médico e faço fisioterapia com bolinha de borracha. Além disso, faço questão de caminhar 4 km todos os dias. Não tenho nenhum problema para me manter em pé”, afirmou.

A neta Luana, de 7 anos, torce pelo avô: “Quero que ele fique bom”.

A cirurgia e seus efeitos. Na cirurgia para Parkinson, o aparelho é ligado durante o procedimento e o teste é feito com o paciente acordado, colocando o eletrodo, que é implantado no cérebro, na melhor posição possível, conforme esclareceu o neurocirurgião Emerson Magno.

Um marca-passo implantado no peito permite o controle externo do médico por via remota. A cirurgia dura entre 5h e 6h. O eletrodo libera descargas elétricas que controlam os tremores.A bateria do dispositivo dura entre oito e dez anos. Depois desse período, é feita a troca do eletrodo, a partir de uma pequena intervenção.

"A ideia é fantástica. O HU busca a média e alta complexidade. Portanto, dentro do SUS, é o que tem a maior capacidade para abrigar o centro de referência, que é de grande relevância. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) disponibilizou a contratação de pessoal. Estamos em análise para implantação do serviço. O atendimento ambulatorial deve começar em 25 a 30 dias. Já a parte de cirurgias está sendo avaliada para o mais breve possível, mas ainda este ano", Arnaldo Medeiros, superintendente do HULW.

Segurança

A estimulação medular prevê a implantação do eletrodo na medula espinhal do paciente. Ela é indicada para quem não consegue controlar os movimentos com medicação, quem tem perda de equilíbrio e já desenvolveu alteração da marcha. a novidade ainda está em fase de estudos.

O que é

O mal de Parkinson é uma doença elétrica, que causa uma disfunção de partes cerebrais com alteração dos movimentos que pode ser percebida, principalmente, através de tremores. É uma doença degenerativa, porque o organismo para de produzir a dopamina, neurotransmissor que controla os movimentos.

A origem real da doença ainda é desconhecida, de acordo com o neurocirurgião Emerson Magno, mas sabe-se que é mais comum na velhice, o que não significa que todo idoso vai desenvolver. Por outro lado, os jovens também podem ter, mas ocasionada por fatores genéticos ou ainda contato com pesticidas, como os organofosforados. O diagnóstico é clínico, feito por um neurologista ou neurocirurgião.

Sintomas

▶ Perda do olfato

▶ Tremores

▶ Lentidão nos movimentos

▶ Rigidez

▶ Alteração da marcha

▶ Perda de equilíbrio

▶ Rosto paralisado (face em máscara)

Portal Correio

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