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Política

Lula completa 80 anos e se torna o primeiro octogenário na Presidência

Chefe do Executivo já disse que a idade representa "o tempo da maturidade máxima do ser humano".

Por Redação

27/10/2025 às 10:49

Presidente Lula comemorando seu aniversário durante viagem à Indonésia na última semana - Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula comemorando seu aniversário durante viagem à Indonésia na última semana (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completa 80 anos nesta segunda-feira (27). A idade lhe traz uma nova marca: ser o primeiro octogenário no exercício do Poder Executivo.

Na última quinta-feira (23), durante visita à Indonésia, Lula disse que vai disputar seu quarto mandato em 2026. No país, ele também comemorou seu aniversário de forma antecipada.

“Eu vou completar 80 anos, mas pode ter certeza que eu estou com a mesma energia de quando eu tinha 30 anos de idade. E vou disputar um quarto mandato no Brasil”, declarou o presidente.

Lula sempre condicionou uma nova tentativa de reeleição à sua saúde. Em setembro, chegou a declarar que "80 anos de idade é o tempo da maturidade máxima do ser humano".

No último ano, ele se tornou o presidente mais velho a estar no poder, em seu aniversário de 79 anos.

Até então, empatava como chefe do Executivo mais velho com Michel Temer (MDB), que deixou o poder em 2018 com 78 anos.

Outros presidentes acabaram seu mandato na casa dos 70 anos, como:

  • Getúlio Vargas: 72 anos
  • Ernesto Geisel: 71 anos
  • Fernando Henrique Cardoso: 71 anos

Longevidade pode ser "feito" e "sintoma"

Para o cientista político e professor de sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rogério Baptistini, a longevidade de Lula pode ser um feito e um sintoma.

"É o feito de quem sobreviveu às forças que tradicionalmente destroem as lideranças populares no Brasil — a elite econômica, a máquina judicial e o conservadorismo político", cita. "Mas também é sintoma de um país que não consegue renovar seu campo progressista, dependendo reiteradamente do mesmo personagem", prossegue.

Estar aos 80 anos no poder, para o professor, representa que Lula tem a força de "uma biografia única".

"Mas revela também a ausência de um projeto de modernização política capaz de ir além do carisma individual. Lula é, em certo sentido, o herói e o limite da própria história que o produziu", explica o professor.

Pesquisa Genial/Quaest divulgada no início do mês mostra que 56% dos eleitores dizem que Lula não deve se candidatar à reeleição no próximo ano. Outros 42% dizem que sim e 2% não sabem ou não responderam.

No entanto, a maioria dos que opinaram por uma "não candidatura" são apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (97%); da direita "não bolsonarista" (89%); e independentes (66%).

Os lulistas (96%) e os da esquerda "não lulista" (75%) são os que mais apoiam uma nova campanha presidencial.

Ao mesmo tempo, a aprovação do governo vive seu melhor momento em quase um ano. São 48% que aprovam e 49% que desaprovam. Não sabem ou não responderam, 3%.

Outro levantamento, da AtlasIntel/Bloomberg, mostra que 51,2% aprovam Lula e 48,1%, desaprovam.

Segundo o professor Baptistini, o que se exige de um líder maduro é consciência histórica e capacidade de autocrítica.

"Lula tem a rara autoridade de quem viu o Brasil de baixo e de dentro, e por isso fala com legitimidade social. Entretanto, sua trajetória recente mostra uma tendência ao pragmatismo excessivo, que dilui o sentido reformista de seu primeiro ciclo de governo. No plano internacional, ele ainda é ouvido — sobretudo porque representa uma voz do Sul global —, mas seu discurso precisa reencontrar a coerência entre a crítica ao neoliberalismo e a prática de alianças conservadoras. A maturidade política só se realiza plenamente quando se conserva a coragem de inovar".  Rogério Baptistini, cientista político e professor de Sociologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie

CNN Brasil

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