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Vale do Piancó

60 anos de emancipação política de Boa Ventura: veja história, fotos e filme

Município completou seis décadas de existência.

Da Redação do Diamante Online

01/12/2021 às 12:51 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

A cidade de Boa Ventura, localizada na região do Vale do Piancó, completa 60 anos de emancipação política nesta quarta-feira (1°). Ao longo das seis décadas, o município construiu histórias marcantes.

A origem da localidade remonta às terras pertencentes à Casa da Torre desde 1700. Em 1776, o Alferes Luís Pinto de Sousa estabeleceu-se na região, na fazenda São Boaventura. Em 1887, iniciou a construção da capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, concluída em 1892. A capela impulsionou o povoamento do local.

O distrito de São Boaventura foi criado em 27 de julho de 1901. No início do século XX, surgiu a liderança de José Cavalcante Estrela de Lacerda, o Coronel Zuza Lacerda, em luta contra os cangaceiros. Após perder as eleições em 1903, o coronel decidiu se rebelar contra os poderes estaduais e municipais e decretou a República da Estrela, que durou 3 dias.

Até o início da década de 1960, a, hoje, Boa Ventura era distrito de Itaporanga, que, à época, chamava-se Misericórdia. O interventor, à ocasião de sua emancipação foi Jorge de Freitas primeiro prefeito do município. O comerciante Cláudio Cavalcanti de Arruda foi o primeiro prefeito eleito. A economia da cidade se baseava-se, principalmente, na agropecuária.

Com o nome de Boa Ventura, o município foi criado em 1 de dezembro de 1961, pela lei estadual n.º 2605.

Primeiras casas

As primeiras casas construídas são aquelas que ficam por trás da igreja católica. Aliás, o surgimento do município é muito parecido com o de toda e qualquer cidade: perto de onde tem água e sempre próxima a uma pequena capela.

Começou com a chegada do coronel Francisco Diniz e o Alferes Luiz Pinto e família. De onde vieram? As informações nesse sentido são vagas, mas na localidade se instalaram e fizeram morada, isso em meados de 1750 ou mais adiante um pouco. Uma das filhas do coronel era a famosa Maria Baraúna, que hoje é nome de uma escola municipal. 

Devido a uma promessa, eles constroem uma capela e dedica a Nossa Senhora da Conceição o nome da pequena casa de oração. Até mesmo uma escritura de doação do terreno da capela eles fizeram, e foi feita no cartório da então cidade de Pombal, única cidade do sertão daquele tempo, as outras como Piancó e Misericórdia eram apenas vilas, e Boa Ventura uma pequena comunidade, com pouquíssimas casas ao redor da capela.

Aliás, esta escritura ainda existe e está bem conservada. Ela é patrimônio da igreja católica e de toda a comunidade, como documento raro e de relevante valor histórico. Eu vi a cópia desta escritura e depois vou mostrar aqui para vocês. E vou fazer mais: como as letras são muito pequenas, eu vou mostrar a imagem do documento e digitar letra por letra e confirmar alguns dados importantes do lugar que era Boa Ventura naquela época. Zuza Lacerda aparece no inicio do século XX, que é uma outra história que contaremos mais adiante.

Pois bem, com o passar dos tempos, aquela pequena comunidade foi crescendo, passando por vila, distrito e até que em 1961 ganhou a emancipação política, através de um ato governamental de Pedro Gondim, governador da Paraíba de então. Algumas reformas na capela foram feitas e chegaram até mesmo a aumentá-la, até que na década de setenta, atendendo a um apelo do bispo dom Zacarias Rolim, a igreja foi praticamente derruba e erguida para o outro lado, com a construção de uma torre, acompanhando assim o desenvolvimento da cidade.

Então aquelas casas que ficam ao lado e por trás da igreja são as primeiras construções, claro que muitas delas foram totalmente reformadas e ganharam outras arquiteturas, embora ainda existam casas conservadas que são muito antigas. Basta ver a largura das paredes. São de tijolos grandes, como se fossem feitas seguras para uma possível defesa dos moradores.

E um pedreiro amigo meu contou que, em certa ocasião, fazendo uma reforma em uma daquelas casas, ao derrubar o reboco de uma parede chegou a cair uma certa quantidade de balas de rifles, outras de revolver. E que em muitas casas havia, de uma casa para a outra, portas, dando a entender que numa possível invasão de famílias inimigas e até mesmo de cangaceiros, os moradores escapariam mudando de casas rapidamente.

Esse pequeno relato é apenas uma passagem de tantas outras que a nossa cidade, nosso município tem em sua história, que chegaram até nós através da tradição, isto é, relatos dos mais velhos de geração a geração, ou documentos, como no caso essa escritura valiosa que temos, e que tem quase trezentos anos. E que os mais novos possam aprender um pouco do seu passado, para que não seja um cidadão alheio à sua própria história.

Filme

Em 2018, o ator Felipe Rodrigues, que já atuou em séries da Rede Globo, fez um longa-metragem, juntamente com uma oficina de teatro de BoaVentura, contando parte da história do município. As gravações foram realizadas em sítios da cidade.

O enredo, intitulado Repúlica da Estrela, conta uma pequena parte da trajetória do Coronel Zuza Lacerda, homem que instituiu o município e o separou do estado, deixando-o como capital da Paraíba por três dias.

Assista:

Diamante Online

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