Opinião
Tadeu Gomes
Adultização de crianças não se limita a Hytalo Santos, e outros têm de ser punidos
Exploração de menores acontece há anos em shows de funk. Letras fazem apologia à prostituição.
Por Tadeu Gomes • Política e cotidiano
14/08/2025 às 10:10 | Atualizado em 14/08/2025 às 11:13
Hytalo Santos com menor (Reprodução)
Uma verdadeira operação contra exposição e sexualização de crianças vem sendo deflagrada no Brasil. O alvo principal é o “influenciador” Hytalo Santos, que há anos está lucrando às custas da exploração de menores nas redes sociais.
O conteúdo dele, apesar de visto e aplaudido por milhões de seguidores, estava encoberto até agora. Era tão óbvio que aquilo era criminoso, crianças rebolando e sensualizando em vídeos rodeadas de bebidas alcoólicas, mas, no atual momento, passava despercebido.
O pior é que tudo era permitido e até incentivado pelos próprios pais em troca de dinheiro. Estes que deviam proteger suas crias entregavam o corpo delas para que pedófilos trajados de seguidores pudessem ver e curtir. Não creio que alguém aplauda isso por achar “bonitinho”. Quem dá like em conteúdos desse tipo sente atrações pelo corpo das meninas.
Depois que o caso veio à tona, alguns dos genitores foram a público defender Hytalo. Ninguém quer saber se era consensual por parte deles, porque não anula o crime, e pior: torna-os cúmplices.
Quem já assistiu ao filme brasileiro “Anjos do Sol”, em que pais vendem literalmente as filhas para compradores, vai notar que há semelhanças. No longa-metragem, donos de prostíbulos compram crianças para levá-las para seus estabelecimentos. É uma comercialização de corpo e inocência.
Quem vê, sente nojo. É parecido: a diferença é que o caso de Hytalo era maquiado como "conteúdo digital", mas funcionava do mesmo jeiro: os pais entregavam as filhas para elas serem levadas pelo influenciador.
Nos vídeos, ele incentivava a sexualização delas, colocava as menores em roupas mínimas, disponibilizava bebidas alcoólicas para elas e até mesmo “formava” casais.
O problema é que esse fato criminoso não se limita a um único responsável. Outros também merecem ser punidos. Cantores, na maioria de funk, continuam a perverter nossas crianças.
O caso mais recente aconteceu na Paraíba, onde o "cantor" – com as maiores aspas existentes – Anderson Neiff convidou uma meina de 11 anos ao palco num show na cidade de Cubati e fez a pequena vítima sensualizar em uma dança.
A menor rebolou até o chão e até enteou uma frase no microfone dizendo que “o que mais gosta de fazer é trair”. A festa estava sendo paga com dinheiro público.
Criança rebola em palco de festa em Cubati (Foto: Reprodução)
Não demorou muito para o caso repercutir e levar o Ministério Público a entrar em ação. O órgão abriu um inquérito civil para apurar a responsabilidade dos organizadores da festa. Foi nítida a intenção maldosa do ‘artista’.
É esperado que ele e o prefeito do município sejam punidos pela desmoralização.
É necessário que leis mais severas sejam aplicadas para coibir essas práticas nas redes sociais. Regulação das big techs não é a solução, mas é preciso haver um certo regulamento nesse sentido para proibir que crianças sejam expostas.
Também é imprescindível que não seja permitido que menores tenham perfis em Instagram, Facebook, Tik Tok e afins. O que uma criança quer com rede social? Quer expor ou mostrar o quê? Não faz o menor sentido.
Que toda essa mobilização e indignação não seja fogo de palha e passe a se tornar, de fato, lei. Que todos aprendam uma coisa: criança é criança! Não namora, não tem desejos sexuais, não consome bebida alcoólica, enfim... Não se expôe!
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