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Clima

Alerta de ‘frio histórico’ em todo o Brasil é falso; temperatura baixa não deve bater recorde

Postagens enganam ao dizer que haveria previsão de temperaturas baixas até em regiões onde prevalece o calor.

Por Redação

09/07/2025 às 15:40 | Atualizado em 09/07/2025 às 15:42

Não há previsão que frio histórico vai tomar conta do Brasil nos próximos dias Foto: Reprodução/Facebook

O que estão compartilhando: alerta para “frio histórico” no Brasil, que começou a circular nas redes em 6 de julho de 2025. As postagens dizem que serão registradas “neve e geada” nas localidades onde o fenômeno não é comum. Até as regiões Norte e Nordeste estariam sujeitas à baixa temperatura.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) informou que, até o momento, não há previsão de uma onda de frio de intensidade histórica atingindo todo o País. Especialista ouvido pelo Verifica explicou que a onda de frio mais intensa de 2025 já passou. Mesmo tendo sido a pior do ano, as temperaturas não foram as piores da história do Brasil.

Saiba mais: a postagem informava que o Brasil enfrentará uma das ondas de frio mais intensas da história, levando neve e geada para regiões inéditas. “A massa de ar polar que vai avançar sobre o País está sendo considerada por especialistas como um evento climático sem precedentes”. Não há informação sobre a fonte da informação. O conteúdo foi considerado falso por fontes ouvidas pelo Verifica.

Temperaturas baixas estão dentro do normal

O Inmet disse que as análises meteorológicas para os próximos 10 dias mostram que não há indicativos de uma onda de frio sobre o Brasil. O órgão possui um banco de dados digital com informações coletadas diariamente desde 1961.

As temperaturas mínimas continuarão baixas, mas seguem a tendência esperada para o inverno. O Inmet informou ainda que não há previsão de uma onda de frio de intensidade histórica atingindo o País.

Onda de frio mais severa de 2025 já passou

O professor Humberto Barbosa, meteorologista fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), classificou a postagem como falsa. Segundo ele, a onda de frio mais rigorosa de 2025 já passou e não foi a pior registrada na história.

Barbosa lembra que o frio mais extremo que o Brasil viveu recentemente foi no inverno de 2016. Naquele ano, tanto em São Paulo como no sul de Minas Gerais, as geadas cobriram campos e florestas. Em Itapetininga (SP), a temperatura bateu -3,3ºC e a água chegou a congelar na torneira.

O meteorologista informa que o termo “onda de frio” é utilizado quando as temperaturas ficam pelo menos cinco dias seguidos com 5ºC abaixo da média. De acordo com ele, em 2025, foram registradas quatro ondas de frio no País, até o momento.

“Outras massas de ar frio de origem polar ainda vão passar sobre o Brasil até o fim do inverno de 2025, mas nada que poderá ser comparável à intensidade e a abrangência da onda de frio que ocorreu do fim de junho até a primeira semana de julho”, avaliou ele.

A imagem abaixo foi gerada pelo Lapis, a partir de imagens de satélites. Ela mostra que a onda de frio mais recente não afetou todo o território nacional. Algumas regiões chegaram a passar por uma onda de calor.

Inverno mais frio

Barbosa explica que o inverno de 2025 está apresentando mais episódios de frio no centro-sul do Brasil, em comparação com os dois anos anteriores. Uma das explicações é porque este ano não estamos sob a influência nem fenômeno climático El niño, nem da La niña.

Quando esses fenômenos não estão ativos, os especialistas dizem que vivemos um padrão de neutralidade no oceano Pacífico. “A neutralidade permite que as frentes frias do sul avancem mais pelo País, causando quedas de temperatura”, explica ele.

Já na região Nordeste, principalmente na região central do Semiárido, explica Barbosa, o frio estaria associado à degradação do solo. Como esses locais estão mais áridos, o calor registrado ao longo do dia não se mantém ao longo da noite. “Tanto esquenta rápido, quanto esfria rápido. É por isso que as madrugadas têm ficado um pouco mais frias na região”.

Estadão Conteúdo

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