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Médico esquece de colocar vírgula em receita, e menino morre ao receber dose de medicação 10 vezes maior
Criança deveria receber “1,5 mmol (milimol)” duas vezes ao dia quando foi internado. Mas por causa da ausência de vírgula, recebeu 15 mmol.
Por Redação
23/11/2025 às 07:48 | Atualizado em 23/11/2025 às 07:49
De’Markus Page (dir.) deu entrada em um hospital na Flórida (esq.) para tratar uma possível virose (Foto: Reprodução/Google Maps/J Brown Funeral and Cremation Services)
Uma criança de 2 anos de idade morreu no hospital onde foi atendida, nos Estados Unidos, após receber uma dosagem “excessivamente alta” de um composto químico usado no seu tratamento. Segundo as investigações, a dose aplicada foi 10 vezes maior do que a recomendada. Isso ocorreu porque a equipe médica “apagou” uma “vírgula crítica” do prontuário.
De’Markus Page sofreu uma overdose de fosfato de potássio no Shands Teaching Hospital and Clinics, na Flórida, em 3 de março de 2024. Ele deveria receber “1,5 mmol (milimol)” duas vezes ao dia quando foi internado. Mas por causa da ausência de vírgula, recebeu 15 mmol.
Segundo a denúncia, no segundo dia de internação, “um médico de forma inescrupulosa, prescreveu incorretamente a medicação oral de fosfato de potássio de De’Markus, administrando-a em uma dosagem 10 vezes maior do que a prescrita no dia anterior”. Isso teria ocorrido depois que o médico “não reconheceu ou ignorou flagrantemente o fato” de que o nível de potássio de De’Markus havia retornado ao normal naquela manhã.
A família de De’Markus afirma que a prescrição inicial de fosfato de potássio foi calculada com base em seu tamanho, peso e nos “resultados de exames e necessidades de eletrólitos” registrados em seu primeiro dia de internação. Alega-se que a equipe médica não percebeu ou corrigiu o erro, o que levou ao surgimento de complicações.
De’Markus foi encaminhado ao hospital para tratar uma suspeita de virose.
“Ele permaneceu abaixo do peso, no percentil 30 para sua idade, devido à sua alimentação seletiva. Seus problemas nutricionais tornaram De’Markus muito mais vulnerável a sofrer desidratação e perda de eletrólitos caso contraísse vírus e doenças comuns da primeira infância que afetam a ingestão oral de uma criança”, diz a família, segundo o site americano de notícias Law & Crime.
A falta de “equipamentos de emergência adequados na ala pediátrica geral” e a “ausência de monitoramento dos seus eletrólitos sanguíneos” levaram De’Markus a entrar em um “estado hipercalêmico (condição em que há excesso de potássio no sangue) e sofrer uma parada cardíaca hipercalêmica”, de acordo com a denúncia.
No entanto, a equipe do hospital não percebeu o que estava acontecendo por “pelo menos 20 minutos” e “teve dificuldades para realizar uma intubação oportuna e bem-sucedida” das vias aéreas de De’Markus, afirma a denúncia, observando que supostamente houve “pelo menos duas ou três tentativas malsucedidas” dos médicos para estabelecer uma “via aérea permeável” para ele.
“Foi relatado que De’Markus apresentou retorno espontâneo da circulação e da atividade cardíaca, mas os danos já causados ao seu cérebro e a outros órgãos vitais foram catastróficos”, afirma a queixa.
De’Markus ainda passou duas semanas na UTI pediátrica dependente de ventilação mecânica antes de falecer. “De’Markus foi declarado com morte cerebral e faleceu nos braços de sua mãe”, afirmou o escritório de advocacia Searcy Law em um comunicado à imprensa na última terça-feira (11).
Segundo a família, De’Markus era uma criança ativa que apresentava pequenos atrasos na fala e no desenvolvimento e havia “suspeita de que tivesse algum grau de autismo”.
O hospital não se pronunciou sobre o caso.
R7.com