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Vale do Piancó

Boa Ventura completa 59 anos de emancipação política; veja história, fotos e filme do município

Cidade tem pouco mais de 5.700 habitantes e fica localizada na região do vale do rio Piancó.

Da Redação do Diamante Online

01/12/2020 às 13:06 | Atualizado em 17/03/2024 às 11:21

A cidade de Boa Ventura (PB), no Sertão paraibano, está completando 59 anos de emancipação política nesta terça-feira (1°). Confira a história do município:

Até o início da década de 1960, a, hoje, Boa Ventura era distrito de Itaporanga, que, à época, se chamava Misericórdia. O interventor, à ocasião de sua emancipação, foi Jorge de Freitas, primeiro prefeito do município. O comerciante Cláudio Cavalcanti de Arruda foi o primeiro prefeito eleito. A economia da cidade se baseia principalmente na agropecuária.

A origem do município remonta às terras pertencentes à Casa da Torre desde 1700. Em 1776, o Alferes Luís Pinto de Sousa estabeleceu-se na região, na Fazenda São Boaventura. Em 1887, iniciou a construção da Capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição, concluída em 1892. A capela impulsionou o povoamento do local.

O distrito de São Boaventura foi criado em 27 de julho de 1901, subordinado ao município de Misericórdia.

No início do século XX, surgiu a liderança de José Cavalcante Estrela de Lacerda, o Coronel Zuza Lacerda, em luta contra os cangaceiros. Após perder as eleições em 1903, o coronel decidiu se rebelar contra os poderes estaduais e municipais e decretou a República da Estrela, que durou 3 dias.

Com o nome de Boa Ventura, o município foi criado em 1 de dezembro de 1961, pela lei lei estadual n.º 2605.

Primeiras casas

As primeiras casas construídas na cidade de Boa Ventura, no Sertão paraibano,  são aquelas que ficam por trás da igreja católica. Aliás, o surgimento do município é muito parecido com o de toda e qualquer cidade: perto de onde tem água e sempre próxima a uma pequena capela.

Começou com a chegada do coronel Francisco Diniz e o Alferes Luiz Pinto e família. De onde vieram? As informações nesse sentido são vagas, mas na localidade se instalaram e fizeram morada, isso em meados de 1750 ou mais adiante um pouco. Uma das filhas do coronel era a famosa Maria Baraúna, que hoje é nome de uma escola municipal do município. 

Devido a uma promessa, eles constroem uma capela e dedica a Nossa Senhora da Conceição o nome da pequena casa de oração. Até mesmo uma escritura de doação do terreno da capela eles fizeram, e foi feita no cartório da então cidade de Pombal, única cidade do sertão daquele tempo, as outras como Piancó e Misericórdia eram apenas vilas, e Boa Ventura uma pequena comunidade, com pouquíssimas casas ao redor da capela.

Aliás, esta escritura ainda existe e está bem conservada. Ela é patrimônio da igreja católica e de toda a comunidade, como documento raro e de relevante valor histórico. Eu vi a cópia desta escritura e depois vou mostrar aqui para vocês. E vou fazer mais: como as letras são muito pequenas, eu vou mostrar a imagem do documento e digitar letra por letra e confirmar alguns dados importantes do lugar que era Boa Ventura naquela época. Zuza Lacerda aparece no inicio do século XX, que é uma outra história que contaremos mais adiante.

Pois bem, com o passar dos tempos, aquela pequena comunidade foi crescendo, passando por vila, distrito e até que em 1961 ganhou a emancipação política, através de um ato governamental de Pedro Gondim, governador da Paraíba de então. Algumas reformas na capela foram feitas e chegaram até mesmo a aumentá-la, até que na década de setenta, atendendo a um apelo do bispo dom Zacarias Rolim, a igreja foi praticamente derruba e erguida para o outro lado, com a construção de uma torre, acompanhando assim o desenvolvimento da cidade.

Então aquelas casas que ficam ao lado e por trás da igreja são as primeiras construções, claro que muitas delas foram totalmente reformadas e ganharam outras arquiteturas, embora ainda existam casas conservadas que são muito antigas. Basta ver a largura das paredes. São de tijolos grandes, como se fossem feitas seguras para uma possível defesa dos moradores.

E um pedreiro amigo meu contou que, em certa ocasião, fazendo uma reforma em uma daquelas casas, ao derrubar o reboco de uma parede chegou a cair uma certa quantidade de balas de rifles, outras de revolver. E que em muitas casas havia, de uma casa para a outra, portas, dando a entender que numa possível invasão de famílias inimigas e até mesmo de cangaceiros, os moradores escapariam mudando de casas rapidamente.

Esse pequeno relato é apenas uma passagem de tantas outras que a nossa cidade, nosso município tem em sua história, que chegaram até nós através da tradição, isto é, relatos dos mais velhos de geração a geração, ou documentos, como no caso essa escritura valiosa que temos, e que tem quase trezentos anos. E que os mais novos possam aprender um pouco do seu passado, para que não seja um cidadão alheio à sua própria história.

Programação

Na manhã de hoje, como já é tradicional, foi feito o hasteamento das bandeiras do Brasil, estado e município em frente à prefeitura local. Na oportunidade, foi cantado o Hino Nacional.

À noite uma missa será realizada na Igreja Matriz a partir das 19h00min. 

Filme

Em 2018, o ator Felipe Rodrigues, que já atuou em séries da Rede Globo, fez um longa-metragem, juntamente com uma oficina de teatro de BoaVentura, contando parte da história do município. As gravações foram realizadas em sítios da cidade.

O enredo conta uma pequena parte da trajetória do Coronel Zuza Lacerda, homem que instituiu o município e o separou do estado, o deixando como capital da Paraíba por três dias.

Assista:

Diamante Online

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