Saúde
Tudo o que você precisa saber sobre o novo remédio para emagrecer aprovado pela Anvisa
Medicamento Wegovy atua nos receptores do cérebro que controlam o apetite.
Da Redação do Diamante Online
05/01/2023 às 10:46 | Atualizado em 11/09/2025 às 13:43
Canetas aplicadoras são vendidas em cinco doses diferentes de semaglutida
Enquanto o Wegovy não chega ao mercado, a única opção disponível é um "primo" dele, o Saxenda, que consiste em injeções diárias de liraglutida.
Uma revisão feita por pesquisadores do Texas em 2016 e publicada na revista Obesity Science & Practice mostrou que quem fez uso de 3 mg do Saxenda perdeu, em média, 6% do peso original (6,4 kg) após 56 semanas.
Indivíduos que utilizaram 1,8 mg perderam uma média de 4,7% do peso (5 kg). O grupo que tomou placebo – substância sem efeito no organismo – emagreceu 2% (2,2 kg).
A quem se destina
A Anvisa definiu que o "Wegovy é indicado como um adjuvante a uma dieta hipocalórica e exercício físico aumentado para controle de peso, incluindo perda e manutenção de peso, em adultos com Índice de Massa Corporal (IMC) inicial de: ≥30 kg/m² (obesidade), ou ≥27 kg/m² a <30 kg/m² (sobrepeso) na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso, por exemplo, disglicemia (pré-diabetes ou diabetes mellitus tipo 2), hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular".
Como funciona
O remédio "imita" um hormônio que nosso intestino libera após as refeições e que atua nos receptores do cérebro que controlam o apetite, a sensação de saciedade e a fome, o GLP-1.
"Existe uma região do cérebro chamada hipotálamo, onde a gente tem o centro de controle do apetite. Então, tem centros de fome e saciedade. A semaglutida atua especificamente nesses centros, aumentando a saciedade e reduzindo a fome, por isso, os efeitos sobre a redução de peso", explica a endocrinologista Priscilla Mattar, diretora médida da Novo Nordisk no Brasil.
Perda de peso
Um estudo apresentado à Anvisa pelo fabricante para o registro do medicamento mostra que pacientes que fizeram uso do Wegovy (2,4 mg) durante 68 semanas (um ano e quatro meses) tiveram uma perda média de peso de 17%, em comparação a 2,4% dos participantes que tomaram placebo.
Ainda segundo o fabricante, um em cada três pacientes perdeu 20% do peso corporal, e 83,5% conseguiram uma redução de 5% após o período. Participaram do estudo cerca de 4.500 pessoas em todo o mundo.
O endocrinologista Fábio Moura, membro da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), considera a aprovação do Wegovy um avanço no aumento das opções de tratamento para a obesidade, mas alerta que ele, por si só, não resolve o problema.
"É o primeiro remédio a superar a barreira de 15% de perda de peso média. Até então a gente não tinha isso. Mas nos próximos três, cinco anos, vão vir outros iguais ou até mais potentes que ele. Mas nenhum desses remédios vai dispensar ninguém de praticar atividade física e se alimentar melhor. Não é para quem está precisando perder um quilinho ou dois, é para quem tem obesidade ou sobrepeso com alguma doença."
Efeitos colaterais
Quase metade dos pacientes que tomaram Wegovy nos estudos apresentou náusea, sendo este o efeito colateral mais comum.
Outras reações incluem: diarreia, vômito, constipação, dor abdominal (estômago), dor de cabeça, fadiga, indigestão, tontura, distensão abdominal, arrotos, hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue) em pacientes com diabetes tipo 2, acúmulo de gases, gastroenterite (infecção intestinal) e doença do refluxo gastroesofágico.
Ainda na fase de pesquisa, 6,8% dos voluntários que tomaram o medicamento descontinuaram o tratamento devido aos efeitos colaterais, sendo náusea, vômito e diarreia os principais motivos alegados por eles.
A bula do remédio, todavia, contém uma série de contraindicações que devem ser avaliadas entre paciente e médico antes do início do tratamento.
Moura ressalta que indivíduos que utilizam esse tipo de medicação sem acompanhamento médico "têm mais chances de ter efeitos colaterais e têm mais chances de a droga não funcionar também".
Preço e venda
Com a aprovação da Anvisa, cabe agora à CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) a definição do preço do Wegovy nas farmácias brasileiras.
Nos Estados Unidos, o custo mensal do tratamento pode chegar a US$ 1.350 (R$ 7.356 na cotação atual) para quem não tem seguro de saúde. Todavia, essa conversão direta não deve ser aplicada no Brasil – estima-se que deva custar em torno de R$ 2.000, tendo como base o preço do Ozempic.
A Novo Nordisk também prevê que a comercialização tenha início no segundo semestre, diante de questões logísticas, como a importação, por exemplo.
A exigência da Anvisa para a liraglutida e semaglutida é de receita branca simples. Na prática, qualquer pessoa consegue obter os remédios na farmácia sem apresentar qualquer prescrição.
"Essa é uma falha. É uma questão que nos preocupa bastante, o fato de não ter nenhum tipo de controle de venda dessas medicações. A gente tem um levantamento com liraglutida – Victoza e Saxenda – que mostrou que de cada dez remédios vendidos na farmácia, sete eram sem receita médica", conta o médico da Sbem.
Todavia, outros especialistas defendem que o tema deve ser discutido com cuidado, uma vez que o Victoza e o Ozempic, apesar de serem o mesmo princípio ativo dos remédios para obesidade, são destinados ao tratamento de diabetes tipo 2.
Desta forma, exigir a receita poderia fazer com que pacientes com diabetes tivessem mais dificuldades em manter o uso das medicações.
R7.com
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